quarta-feira, julho 26, 2017

As afinidades europeias das espécies da Gronelândia no final do Triásico estão relacionados com a paleolatitude

Novo estudo mostra que as afinidades europeias das espécies do final do Triásico da Gronelândia estão relacionados com paleolatitude. O estudo foi agora apresentado no 15.º Encontro Anual da Associação Europeia de Paleontólogos Vertebrados (EAVP), em Munique, na Alemanha, por Marco MarzolaOctávio Mateus, Jesper Milàn e Lars B. Clemmensen, numa parceria entre instituições portuguesas (GeoBioTec - Departamento de Ciências da Terra, Faculdade de Ciências e Tecnologia, Universidade Nova de Lisboa e Museu da Lourinhã) e dinamarquesas (IGN - Department of Geosciences and Natural Resource Management e Geomuseum Faxe).
Marco Marzola na EAVP 2017. Fotografia por Femke Holwerda.

Nuuk, a capital da Gronelândia


A descoberta de Cyclotosaurus naraserluki, um novo temnospôndilo capitossauro do Noriano-Retiano da Formação de Fleming Fjord, levantou questões paleobiogeográficas relativas ao Triásico tardio da Gronelândia. Isto porque este território é, e sempre foi, parte do continente norte-americano, mas todas as espécies de Cyclotosaurus estão restritas à Europa. 
Dos 21 taxa conhecidos do Triásico superior da Gronelândia, 9 são plantas e 12 são vertebrados. Os parentes mais próximos de cada taxóne mostram a seguinte distribuição: 10 da Europa (48%), 1 da Ásia (5%), 1 da América do Norte (5% - Paratypothorax andressorum), 8 cosmopolitas (38%, principalmente plantas) e 1 incerto (5% - Mitredon cromptoni). Estes valores fornecem uma indicação da possível origem paleogeográfica dos taxa do Triásico superior e das regiões mais influentes. 
Apesar da posição geográfica da Gronelândia como parte da placa norte-americana, a sua fauna triásica mostra grande influência europeia. Os fósseis norte-americanos são sobretudo do sul dos EUA, com uma paleolatitude tropical de 5-10º N, enquanto a maioria dos achados europeus são de uma paleolatitude temperada de 34-44º N. A bacia de Jameson Land situava-se a cerca de 44º N durante o Triásico, dentro da faixa das descobertas europeias, mais a norte. A banda árida controlada pela célula de Hadley separava os sites de fósseis norte-americanos e europeus. A dispersão da vida triásica foi, portanto, fortemente influenciada por bandas paleolatitudinais de clima.

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