quarta-feira, abril 18, 2018

Descoberta nova espécie de peixe pulmonado na Gronelândia


Paleontólogos portugueses e mais quatro países anunciam a descoberta de fósseis de uma espécie única e nova de peixe com pulmões em rochas com 210 milhões de anos em área remotas do leste da Gronelândia.

Os peixes pulmonados, ou dipnóicos, são um grupo peculiar de peixes que existiu antes mesmo dos dinossauros e existem seis espécies vivas hoje. “Esse grupo é particularmente interessante porque eles têm pulmões e brânquias, o que ajuda a entender nossa própria evolução dos animais de pernas. Eles pertencem a um grupo mais amplo de peixes que evoluíram com barbatanas semelhantes a membros, que são ancestrais de todos os vertebrados terrestres, incluindo anfíbios, répteis, mamíferos e aves”, afirma Octávio Mateus, da Faculdade de Ciência e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa e do Museu da Lourinhã.



Placas dentária de Ceratodus tunuensis do Triásico da Gronelândia (foto por Octávio Mateus)

Durante as expedições de 2012 e 2016 em Jameson Land, no leste da Gronelândia, from recolhidas algumas fósseis destes peixes, que em vez de numerosos dentes, tinham placas dentárias, que é a parte mais facilmente encontrada no registro fóssil e foi o elemento que permitiu a identificação da espécie. De acordo com Federico Agnolin, do Museu Argentino de Ciências Naturais, “esta espécie distingue-se das demais por robustas placas dentárias com sulcos e diferentes formas de todos os outros peixes pulmonados”.

As placas dentárias são agora reconhecidas como sendo uma nova espécie chamada Ceratodus tunuensis, com o nome alusivo ao leste da Gronelândia. O nome específico tunensis significa "Tunu", palavra inuit para a Gronelândia oriental. "Esta foi a nossa forma de honrar a Gronelândia e a cultura Inuit", disse Lars Clemmensen, da Universidade de Copenhaga. “Quando escolhemos o nome da espécie, inicialmente consideramos usar o nome da povoação mais próxima cujo nome Inuit é Ittoqqortoormiit, mas no final optamos por usar Tunu por ser mais fácil de pronunciar” diz Jesper Milàn do Geomuseum Faxe.

A ocorrência de dipnóicos nessa formação da Gronelândia mostra que esse grupo estava perfeitamente adaptado à água doce. Naquela época, há 210 milhões de anos, essa parte da Gronelândia era 40º e 44º norte em latitude, equivalente ao norte de Portugal e à Espanha hoje.

O estudo é resultado da cooperação de sete autores, da Argentina, Portugal, Dinamarca, Alemanha e Gronelândia. O estudo tem como primeiro autor Federico Agnolin do Museu Argentino de Ciências Naturais e conta ainda com Octávio Mateus e Marco Marzola da Universidade Nova de Lisboa. A lista de autores inclui também Jesper Milàn, Oliver Wings, Jan Schulz Adolfssen e Lars B. Clemmensen. O estudo foi publicado pela prestigiada revista científica Journal of Vertebrate Paleontology.

Imagens e mais informações disponíveis aqui.

Placas dentária de Ceratodus tunuensis do Triásico da Gronelândia (Agnolin et al., 2018)


Placas dentária de Ceratodus tunuensis do Triásico da Gronelândia (Agnolin et al., 2018)



Ceratodus por Heinrich Harder (1858-1935)



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