Há 300 anos nasceu João de Loureiro (1717, Lisboa - 18 de outubro de 1791) foi missionário e botânico jesuíta português e o primeiro paleontólogo Português.
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Fundo esquerda: uma das plantas recolhidas por João de Loureiro; Direita: Frontispício da obra Flora Cochinchinensis. Topo esquerda: Antigo Colégio de Sto. Antão onde João de Loureiro estudou. |
Depois de receber a entrada na Ordem dos Jesuítas, João de Loureiro serviu como missionário em Goa, capital da Índia portuguesa (3 anos) e Macau (4 anos). Em 1742 ele viajou para Cochinchina (actual Vietname e Laos), permanecendo lá por 35 anos. Aqui trabalhou como matemático e naturalista, adquirindo conhecimento sobre as propriedades e os usos das plantas medicinais nativas. Em 1777, viajou para Cantão, voltando a Lisboa quatro anos depois. Em 1790, ele publicou um trabalho sobre a flora da Cochinchina intitulado Flora Cochinchinensis.
João de Loureiro tem numerosas espécies "loureiroi" dedicadas a ele, principalmente plantas, mas também um dinossauro,
Draconyx loureiroi, porque também foi o primeiro paleontólogo português ao escrever um artigo sobre caranguejos fósseis no artigo "Memoria sobre huma espécie de petrificaçaõ animal" publicado na Academia de Ciências de Lisboa em 1799.
Na Cochinchina, João de Loureiro era sobretudo missionário que usou a farmacopeia local para aprender sobre botânica e medicina. Entre os muitos espécimes que Loureiro deve ter se reunido com as contribuições locais, havia alguns caranguejos fósseis do rio Soung Muòi Ko (província de Gua'ng binh na Cochinchina), que os locais consideravam terapêuticos como absorventes para a febre, a disenteria, diarréia, tenesmo e útil externamente para inflamações e abscessos. Na época, os fósseis eram uma curiosidade misteriosa ou mal explicada. A maioria dos fósseis foi interpretada como animais ante-diluviários, como alusão ao episódio bíblico mítico. Os caranguejos fósseis chamaram a atenção de João de Loureiro, mas este foi crítico sobre explicações míticas sobre animais "petrificados" relatados por poetas, como é mostrado por suas palavras: "é necessário um pensamento cuidadoso e crítico antes de dar crédito a esses relatórios".
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Caranguejos fósseis estudados por João de Loureiro na obra de 1799 (Memoria sobre huma espécie de petrificaçaõ animal). |
Em sua nota póstuma publicada em 1799 pelo título "
Memoria sobre huma espécie de petrificaçaõ animal" da Real Academia de Ciências de Lisboa (Fig. 4 e 5), Loureiro não só reconhece e identifica como caranguejos, mas também entende o papel dos sedimentos e o tempo na formação fóssil. Loureiro refuta a hipótese de uma catástrofe de dilúvio ou uma "
água petrificante", entendendo que o processo de fossilização é a associação das propriedades da lama e a longa passagem do tempo. Ele escreve "
uma violência, que tira uma vida, e transforma em pedra aquelles viventes, está no lodo" (p. 51) e "
a que os vapores d'aquelle-site petrificante tiráraõ a vida, ficando logo cubertos, ou estendidos no lodo, perdem naturalmente com o tempo como partes mais subtís, e volateis" (. 52). Essa nota de dez páginas representa o primeiro artigo científico paleontológico em Portugal (Antunes, 1986) e o primeiro sobre um fóssil do sudeste asiático, tanto quanto sabemos. João de Loureiro é, portanto, considerado o primeiro paleontólogo português, que lhe concedeu a nomeação de uma espécie de dinossauro,
Draconyx loureiroi, em 2001 (Mateus e Antunes, 2001).
Os caranguejos fósseis, provavelmente o mesmo que Loureiro se recuperou da Ásia foram encontrados mais tarde na Academia de Ciências de Lisboa (Antunes, 1986; 2000).
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Viagem de João de Loureiro entre 1735 e 1782. |
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