quinta-feira, abril 13, 2017

O clima e a geologia como criadores de espécies


É bastante comum nas dunas interiores das nossas praias encontrarmos comunidades de vegetação arbustiva espinhosa dominadas pelo género Stauracanthus. Juntamente com o género Ulex, são as plantas que comummente se conhecem como tojos.

Estes têm um papel fulcral nos habitats onde ocorrem. Para além de fixarem o azoto atmosférico no solo e a areia nas dunas, permitem ainda o desenvolvimento e proliferação de comunidades vegetais mais complexas.

As três espécies que integram este género endémico do Mediterrâneo ocidental, Stauracanthus boivinii, Stauracanthus genistoides e Stauracanthus spectabilis, ocorrem em diferentes nichos ecológicos. 

Ocorrência em Portugal de Stauracanthus boiviniiStauracanthus genistoides e Stauracanthus spectabilis, respectivamente. Fonte: Flora-On: Flora de Portugal Interactiva, Sociedade Portuguesa de Botânica 

As possíveis razões por detrás da distribuição geográfica destas espécies, da sua origem e especiação, foram recentemente publicadas num estudo na revista Annals of Botany. 
O grupo de investigadores do Museo Nacional de Ciencias Naturales (MNCN - CSIC) e de outras instituições, explicaram como as variações ambientais e as mudanças geológicas ocorridas no Mediterrâneo ocidental nos últimos dez milhões de anos determinaram a distribuição geográfica destas três espécies.
Há sensivelmente de cinco milhões de anos, grande parte do Mar Mediterrâneo secou - a designada crise de salinidade do Messiniano, o que aumentou a aridez nesta região e reduziu e fragmentou a área de distribuição dos ancestrais das referidas espécies. A posterior abertura do Estreito de Gibraltar, no fim do Miocénico, amenizou as condições climáticas e permitiu a recolonização da região, já como espécies totalmente diferenciadas.


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