quarta-feira, março 08, 2023

Miguel Magalhães Ramalho (1937 – 2021)

Miguel Magalhães Ramalho (1937 – 2021) deixou-nos há dois anos, aos 8 de Março de 2021. Deixo aqui esta nota de reconhecimento a este ilustre geólogo. 

Miguel Ramalho (foto por O. Mateus)



https://www.publico.pt/2021/03/09/ciencia/noticia/director-museu-geologico-lisboa-miguel-magalhaes-ramalho-morre-83-anos-1953669

https://www.lneg.pt/wp-content/uploads/2022/07/Nota-Biografica-Dr_Ramalho_final.pdf

https://www.parlamento.pt/sites/PARXIIIL/Paginas/2021/marco/Mensagem-pesar-falecimento-Miguel-Magalhaes-Ramalho.aspx

sexta-feira, fevereiro 17, 2023

Primeiro acampamento da história do GEAL

 O primeiro acampamento da história do percursor do GEAL, que gere o Museu da Lourinhã, foi no Planalto das Cesaredas circa 1979-1980. Aqui remetem-se duas fotos da altura.



Welwitschia mirabilis

Welwitschia mirabilis em Angola


Welwitschia mirabilis é uma planta muito incomum e única, endêmica da região desértica do sudoeste da África. Ela é frequentemente citada como um exemplo de "fóssil vivo" porque é considerada um dos organismos vivos mais antigos e primitivos da Terra.

A Welwitschia mirabilis é uma planta perene, que cresce apenas duas folhas ao longo de sua vida, que podem ser muito longas (até 4 metros) e são divididas em numerosos segmentos. Sua raiz principal é muito longa e pode chegar a 3 metros de profundidade para buscar água subterrânea. A planta é dioica, o que significa que existem plantas masculinas e femininas separadas.

Acredita-se que a Welwitschia mirabilis tenha evoluído a partir de plantas semelhantes que existiam há mais de 150 milhões de anos. Seu habitat natural é uma das regiões mais áridas e inóspitas do planeta, o que a torna um exemplo notável de adaptação extrema à vida em condições difíceis.

Embora a Welwitschia mirabilis seja frequentemente chamada de "fóssil vivo", ela não é tecnicamente um fóssil. Em vez disso, é um organismo vivo que é considerado um representante sobrevivente de um grupo antigo de plantas que já foram muito mais comuns no passado. Essas plantas evoluíram há muito tempo e mudaram muito pouco desde então, tornando-as uma janela fascinante para o passado da Terra.
 

domingo, fevereiro 12, 2023

Escavações do Triásico do Algarve em filmagem de arquivo

Escavações do Triásico (Metoposaurus) do Algarve em filmagem de arquivo. 



Cérebro de Cricosaurus

 Há uns anos, na Patagónia, perto de Neuquèn, Argentina, descobri o molde natural de um endocrânio ("endocast" onde estaria o cérebro) de um crocodilomorfo que foi identificado como Cricosaurus araucanensis por Herrera (2015). Como nunca foi dado crédito a quem achou, deixo aqui fotos de campo para memória futura.

Cricosaurus araucanensis natural brain endocast, MOZ-PV 726





Yanina Herrera (2015). Metriorhynchidae (Crocodylomorpha: Thalattosuchia) rom Upper Jurassic–Lower Cretaceous of Neuquén Basin (Argentina), with comments on the natural casts of the brain. En: M. Fernández y Y. Herrera (Eds.) Reptiles Extintos - Volumen en Homenaje a Zulma Gasparini. Publicación Electrónica de la Asociación Paleontológica Argentina 15(1): 159–171.

https://ri.conicet.gov.ar/bitstream/handle/11336/54082/CONICET_Digital_Nro.035c56fe-56b6-4529-8fed-27387f0cd7b1_A.pdf?sequence=2&isAllowed=y 

Descoberto aos 28.9.2008

sexta-feira, fevereiro 10, 2023

Metoposaurus algarvensis no Carnaval

 No Jornal Público de hoje (2023.02.10) o anúncio do carnaval de Loulé tem o Metoposaurus algarvensis em grande destaque. É sempre bom ver o impacto na sociedade que a paleontologia tem.



quinta-feira, abril 07, 2022

O misterio dos pequenos anfíbios jurássicos de Portugal

Um estudo recente da NOVA School of Science and Technology | FCT NOVA e do Museu de Lourinhã descreve fósseis do período Jurássico pertencentes a uma espécie de anfíbio semelhante a uma salamandra “ornamentada” denominada Celtedens

Foram estudados dezenas de indivíduos, pertencentes ao Museu Geológico de Lisboa e ao Museu da Lourinhã, sendo Portugal detentor de uma das maiores coleções destes pequenos animais do Jurássico. O estudo foca-se na forma, e como esta varia, de um osso específico do crânio, que se pensa ser bastante diagnóstico. A variação intraespecífica, devida ao sexo, idade e fatores ambientais, é superior à variação observada entre espécies distintas, complicando o trabalho dos paleontólogos.

 Filippo Rotatori e Alex Guilllaume, a excavar na jazida de Valmitão, na Lourinhã

A equipa, composta por Alexandre R. D. Guillaume (estudante de Doutoramento), Miguel Moreno-Azanza e Octávio Mateus da NOVA School of Science and Technology de Lisboa | FCT NOVA e do Museu da Lourinhã, e por Carlos Natário (paleontólogo amador), descreveu uma nova coleção de espécimes do Jurássico Superior de Portugal num artigo publicado na aclamada revista científica internacional “Historical Biology”. Este trabalho faz parte da dissertação de Doutoramento de Alexandre Guillaume, que se foca no estudo de microfósseis de vertebrados.

O estudo focou-se nos ossos frontais, facilmente distinguíveis de outros fósseis e com uma forma bem característica neste grupo de animais. De acordo com estudos anteriores, estes ossos podem até ser usados para distinguir espécies distintas. O estudante de Doutoramento e os seus colegas analisaram 120 ossos frontais provenientes da Lourinhã e Guimarota de modo a confirmar a presença de novas espécies.

“Nós sabíamos que tínhamos algo novo”, diz Alexandre. “A grande questão era se teríamos uma ou mais espécies novas, pois os fósseis da Lourinhã e da Guimarota não têm exatamente a mesma idade e são provenientes de ambientes distintos.”

No entanto, o estudo provou ser mais complicado do que o esperado quando os autores se depararam com algo inesperado. Usando dados relativos à anatomia e morfologia dos espécimes, os autores realizaram análises estatísticas e testaram potenciais relações com outros albanerpetontídeos, concluindo que os ossos frontais por si só não podem ser usados para identificar espécies, mas apenas o género.

O próximo passo de Alexandre Guillaume será estudar em igual detalhe outros ossos encontrados na Lourinhã e compará-los com outras espécies. Outros espécimes serão também estudados de modo a encontrar mais caracteres relevantes.

“Eventualmente, o Alexandre irá descrever as espécies que temos em Portugal e resolver o mistério em torno deste grupo. É um projeto bastante excitante!” elogiam os orientadores Miguel Moreno-Azanza e o Octávio Mateus.

A recolha destes pequenos microfósseis é uma tarefa que envolve mais de 1000 horas trabalho cuidadoso levado a cabo pelos autores, mas maioritariamente por voluntários do projeto de ciência cidadã MicroSaurus, no museu da Lourinhã e no Parque dos Dinossauros da Lourinhã, e por estudantes da NOVA School of Science and Technology | FCT NOVA. O projeto contou com o apoio da Fundação para a Ciência e Tecnologia e do Parque de los Dinossauros de Lourinhã.

A referência é:

Guillaume, A. R., Natário, C., Mateus, O., & Moreno-Azanza, M. (2022). Plasticity in the morphology of the fused frontals of Albanerpetontidae (Lissamphibia; Allocaudata). Historical Biology, 1-18. https://doi.org/10.1080/08912963.2022.2054712

Este trabalho é financiado por fundos nacionais através da FCT – Fundação para a Ciência e a
Tecnologia, I.P., no âmbito do projeto BIOGEOSAURIA PTDC/CTA-PAL/2217/2021

 

sexta-feira, fevereiro 25, 2022

Uma nova mão para uma antiga perna! - Draconyx redux



O concelho da Lourinhã é famoso pela sua importante diversidade de dinossauros do Jurássico Superior que têm vindo a ser desenterrados ao longo de 30 anos de trabalho de campo do Museu da Lourinhã. Museu este, que armazena a maior parte do material nas suas instalações ou na exposição do Dinoparque Lourinhã. A maioria destes dinossauros encontra-se na Lourinhã ou em zonas próximas o que faz deste património natural um grande interesse para cientistas de todo o mundo. Dentro desta grande variedade de descobertas, foi descrita em 2001, uma espécie enigmática de dinossauros bípedes herbívoros chamado Draconyx loureiroi, que intrigou os especialistas ao consistir principalmente num membro posterior com características muito particulares.


Draconyx loureiroi, no ambiente representado pela Formação Lourinhã.
Ilustração porVictor Carvalho, used under CC BY NC 4.

 
Após 20 anos, o explorador original do espécime, o Sr. Carlos Anunciação doou gentilmente o material adicional desta espécie ao Museu da Lourinhã. Filippo Maria Rotatori investigador do museu e da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade NOVA de Lisboa, e os seus orientadores Miguel Moreno-Azanza e Octávio Mateus, das mesmas instituições, perceberam de imediato a importância desta descoberta, pois estes novos ossos são da mão. “É provavelmente a mão mais completa deste tipo de animal do Jurássico na Europa” – diz Filippo, que atualmente pesquisa a sistemática e a história evolutiva dos dinossauros herbívoros na Europa. “Quando vi o material pela primeira vez, entendi imediatamente que precisávamos dar uma vista melhor no espécime de Draconyx, que não era estudada há 20 anos.

Graças ao “Programa de Incentivo à Investigação Científica Horácio Mateus” atribuído pelo Museu da Lourinhã, foi possível preparar os novos ossos e restaurar os antigos, e realizar a investigação que foi agora publicada no prestigiado Zoological Journal of the Linnean Society.

As novas descobertas levam os cientistas a concluir que a anatomia da mão, juntamente com o membro posterior, é a de um animal bípede e ágil, que usava as mãos para agarrar os alimentos que comia. Este fato foi uma surpresa, já que seus parentes mais próximos são animais de grande porte, que conseguiam andar sobre quatro patas graças a uma estrutura de mão modificada.

“Os resultados da nossa pesquisa indicam que ainda temos muito a descobrir sobre estes animais, e ainda agora começámos a perceber a sua diversidade aqui em Portugal”- comenta ainda Filippo. Essa descoberta também ressalva o papel fulcral de voluntários e colaboradores externos, como Carlos Anunciação, no apoio às instituições em atividades de pesquisa. Tal como o Draconyx loureiroi, outros exemplares importantes foram encontrados por Carlos e pessoas como ele, que numa sinergia virtuosa com instituições científicas ajudam a aumentar e proteger o património nacional. O holótipo de Draconyx loureiroi pode ser visitado no Dinoparque Lourinhã.

Filippo Maria Rotatori, Miguel Moreno-Azanza, Octávio Mateus, Reappraisal and new material of the holotype of Draconyx loureiroi (Ornithischia: Iguanodontia) provide insights on the tempo and modo of evolution of thumb-spiked dinosaurs, Zoological Journal of the Linnean Society, 2022; zlab113, DOI: https://doi.org/10.1093/zoolinnean/zlab113

Este trabalho é financiado por fundos nacionais através da FCT – Fundação para a Ciência e a
Tecnologia, I.P., no âmbito do projeto BIOGEOSAURIA PTDC/CTA-PAL/2217/2021
 








segunda-feira, fevereiro 07, 2022

Abditosaurus, um novo titanosauro na Europa


Miguel Moreno-Azanza colaborou num trabalho sob a descoberta e descrição de um novo dinossauro do final do Cretácico. Deixamos aqui a nota de imprensa do trabalho.

O esqueleto semiarticulado com 70,5 milhões de anos é o espécime mais completo desse grupo herbívoro de dinossauros descoberto até agora na Europa. Além disso, Abditosaurus é a maior espécie de titanossauro encontrada na ilha Ibero-Armorica —uma região antiga que hoje compreende a Península Ibérica e o sul da França— representando um indivíduo senescente estimado em 17,5 metros de comprimento com massa corporal de 14 000 quilos.

O Abditosaurus é um dos dinossauros mais completos descobertos no Cretácico Superior da Europa

 

Para os investigadores, o tamanho do dinossauro é um dos factos mais surpreendentes a apontar: “Os titanossauros do Cretácico Superior da Europa tendem a ser pequenos ou médios devido à sua evolução em condições insulares", explicou Bernat Vila, paleontólogo do Institut Català de Paleontologia (ICP) que lidera a pesquisa. Durante o Cretácico Superior (entre 83 e 66 milhões de anos atrás), a Europa era um grande arquipélago formado por dezenas de ilhas. As espécies que ali evoluíram tendem a ser relativamente pequenas, ou mesmo anãs em comparação com os seus parentes que vivem em grandes massas de terra, devido principalmente à limitação de recursos alimentares nas ilhas. “É um fenómeno recorrente na história da vida na Terra, temos vários exemplos em todo o mundo no registo fóssil dessa tendência evolutiva, por isso ficamos surpresos com as grandes dimensões desse espécime”, acrescenta ainda o investigador.

O trabalho de campo realizado ao longo de várias décadas desenterrou 53 elementos esqueléticos do espécime. Estes incluem vários dentes, vértebras, costelas e ossos dos membros, cintura escapular e pélvica, bem como um fragmento semi articulado do pescoço formado por 12 vértebras cervicais.


Imagens de diferentes restos fósseis de Abdiosaurus kuehnei no sítio Orcau-1 (a), do
processo de escavação (b e c) e do pescoço já preparado (d)

No artigo publicado na Nature Ecology & Evolution, os investigadores concluem que o Abditosaurus pertence a um grupo de titanossauros saltassauros da América do Sul e África, diferente do resto dos titanossauros europeus que se caracterizam por um tamanho menor. Os autores levantam a hipótese de que a linhagem do Abditosaurus chegou à ilha ibero-armoricana aproveitando uma queda global do nível do mar que reativou antigas rotas de migração entre a África e a Europa.

A nova descoberta reflete assim um grande avanço na compreensão da evolução dos dinossauros saurópodes no final do Cretáceo e traz uma nova perspetiva para o quebra-cabeças filogenético e paleobiogeográfico dos saurópodes nos últimos 15 milhões de anos antes da sua extinção.

  Fotografía histórica do paleontologo alemão Walter Kühne, descobridor do Abditosaurus

O estudo é liderado por investigadores do Institut Català de Paleontologia Miquel Crusafont e do Museu Conca Dellà (Catalunha, Espanha), contando com o contributo da NOVA School of Science and Technology | FCT NOVA, Museu de Lourinhã, Universidade Autônoma de Barcelona (UAB) e Universidade de Saragoça (UNIZAR).

A referência completa é: Vila, B., Sellés, A.G., Moreno-Azanza, M., Razzolini, N.L., Gil-Delgado, A., Canudo, J.I., Galobart, À. (2022). Um titanossauro saurópode com afinidades Gondwanas no último Cretáceo da Europa. Natureza Ecologia & Evolução. DOI: 10.1038/s41559-021-01651-5

Este trabalho é financiado por fundos nacionais através da FCT – Fundação para a Ciência e a
Tecnologia, I.P., no âmbito do projeto BIOGEOSAURIA PTDC/CTA-PAL/2217/2021

segunda-feira, novembro 22, 2021

Taxonomia dos animais invertebrados



Life 

 Eukaryota (Chatton, 1925) Whittaker & Margulis, 1978

    Amorphea Adl et al., 2012 (=  Unikonta)

     Obazoa Brown, 2013

      Opisthokonta Copeland 1956 

       Holozoa Lang et al., 2002

        Filozoa Shalchian-Tabrizi et al., 2008

  Choanozoa Brunet and King, 2017

    Animalia Linnaeus 1758 (=Metazoa)

     Eumetazoa Buetschli, 1910

      ParaHoxozoa Ryan et al., 2010

       Planulozoa Wallberg et al., 2004

        Bilateria Hatschek, 1888
        Nephrozoa Jondelius et al. , 2002

       Protostomia Grobben, 1908

Deuterostomia Grobben, 1908

Chordata Haeckel, 1874

Vertebrata Lamarck, 1801



Porifera (sponges)

Eumetazoa

   Ctenophora

   ParaHoxozoa

      Placozoa

       Cnidaria (corals)

       Xenacoelomorpha

Nephrozoa

Deuterostomia

Chordata - Vertebrata + Tunicata

Ambulacraria - Echinodermata + Hemichordata

Ecdysozoa

Scalidophora

Panarthropoda: Arthropoda (Arachnomorpha+ Mandibulata) + Onychophora + Tardigrada

Nematoida: Nematoda 

Gnathifera

Rotifera

Chaetognatha

Platytrochozoa

Platyhelminthes

Lophotrochozoa

Mollusca (Gastropoda, Bivalvia, Cephalopoda)

Annelida

Lophophorata: Bryozoa + Brachiopoda