Maria Isabel Dias Madeira Mateus, nascida em Paleão, Soure, aos 10 de Março de 1950, mudou-se sozinha com 19 anos para Lisboa, onde ingressou nos serviços administrativos da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, ao mesmo tempo que completava, em horário noturno, o ensino secundário no Liceu Francês Charles Lepierre. Aí, conheceu Horácio Mateus, por quem se apaixonou. Essa união trouxe-a para a Lourinhã em 1977 e dela nasceram três filhos: Simão, Octávio e Marta.
O interesse pela espeleologia, história e pré-história levou a que a Isabel e o Horácio reunissem um grupo de jovens dedicados a estas matérias que, em 15 de Dezembro de 1981, fundaram o GEAL- Grupo de Etnologia e Arqueologia da Lourinhã. Em 15 de Julho de 1984, Isabel e o marido, apoiados pelos demais associados do GEAL, fundaram o Museu da Lourinhã. Foi vários anos membro da Direcção do GEAL e agraciada com o título de Sócia Honorária.
Já adulta e com os três filhos, tirou o curso pós-laboral de Arqueologia na Universidade Autónoma de Lisboa (1992). Em 3 de Abril de 1993, descobriu o ninho e embriões de dinossauros carnívoros Lourinhanosaurus em Paimogo, um dos maiores e mais importantes, à data. É autora de três artigos científicos como primeira autora, entre os quais é publicado o ninho de ovos e embriões de dinossauro que tinha descoberto (1997). Este achado foi marcante na história do Museu da Lourinhã, levando o nome da paleontologia da região a patamares internacionais, motivando a Revista Expresso a eleger o casal Isabel e Horácio Mateus como Figuras Nacionais do ano de 1997. Dois anos depois, realizou no Museu de História Natural de Paris formação superior intensiva em palinologia fóssil, área da botânica que estuda pólen e esporos. Mais recentemente, foi autora do livro Podomorfos do Casal da Misericórdia (ed. Museu da Lourinhã, 2020).
Em 1997, escreveu a proposta do “Parque do Saber e do Lazer”, que foi o documento precursor de vinte anos de esforços para a construção de um novo parque ou museu, desejos que culminaram em 2018 na abertura do DinoParque Lourinhã.
Vista por todos como uma mulher entusiasmada e cativante, recebeu a distinção “Prémio de Reconhecimento” em 2017 pela Associação pelo Desenvolvimento da Lourinhã e “Medalha Municipal de Honra” do Município da Lourinhã, em 2018. Em sua homenagem, foi-lhe dedicado o nome da iguaria local com pevides de abóbora, a Tarte D.Isabel (2018), tal como o Laboratório de Paleontologia do Museu da Lourinhã também recebeu o seu nome, aquando da reinauguração em 2019.
Em sua casa, no "Casal Mateus", recebeu e hospedou dezenas de voluntários e estudantes que vinham colaborar com o Museu da Lourinhã.
Mulher de grande coração... mas este ao longo da vida deu-lhe problemas cardíacos decorrentes de uma doença de infância marcante, que implicaram duas operações de peito aberto para substituição das válvulas (1997 e 2020). Por fim, estas complicações tolhem-lhe a vida hoje, aos 16 de Fevereiro de 2021, com 70 anos de idade.
Adeus mãe.
Adeus mãe.
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