Vitrais e paleontologia formam uma combinação tão bonita quanto rara. Durante a construção do Grande Hotel de Araxá, em Minas Gerais no Brasil, foram descobertos numerosos vertebrados representantes da megafauna pleistocénica (60 a 55.000 anos) da América do Sul.
Aqui foram recolhidos cavalos Amerhippus neogaeus, preguiça gigante Eremotherium laurillardi, macrauquenídeo Xenorhinotherium bahiense, gonfotério Notiomastodon platensis recolhidos por Llwellyn Ivor Price e Ruben da Silva Santos (Price, 1944) e mais tarde estudados por Simpson e Paula Couto (1957).
Essa jazida formava um barreiro com águas sulfurosas e radioactivas(!) que deram o motivo para um enorme e opulento hotel e termas associadas construídos de 1938 a 1944, que inicialmente estava previsto para albergar um casino antes do jogo ser restrito no Brasil. Por essa razão este luxuoso complexo turístico tem breves alusões a paleontologia de vertebrados. No exterior, perto da fonte, a calçada de estilo português mostra um cavalo, um Xenorhinotherium, uma preguiça e mastodonte. Um expositor apresenta réplicas dos ossos destes animais num recinto forrado a azulejos onde figuram vértebras.
No interior um fabuloso conjunto de vitrais composto de nove painéis de vários metros que contam a história do local. Começa com uma cena pré-histórica com dois Xenorhinotherium, um Toxodon, e três Glyptodon, rodeados de vegetação do Cerrado. O vitral é assinado por Frank Urban. Este é, porventura, um dos poucos e mais impressionantes vitrais paleontológicos da época.
Os ossos originais, sobretudo o material craniano, recolhidos pelo Price estão no Rio de Janeiro. No hotel mantém-se várias caixas com ossos originais, sobretudo pós-craniano, mas não acessíveis ao público.
| Vitral paleontológico no Grande Hotel de Araxá (circa 1940-1944) com Toxodon, Xenorhinotherium e Glyptodon. |
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| Pormenores do Grande Hotel de Araxá, no Brasil. |
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| Calçada com megafauna pleistocénica: cavalo, preguiça, macrauquenídeo e gonfotério. |
Fontes: https://pt.wikipedia.org/wiki/Grande_Hotel_de_Arax%C3%A1
http://www.abequa.org.br/trabalhos/0018_abequamelo.pdf
http://www.dpnet.com.br/anteriores/1998/03/04/viagem2_1.html
Price LI, 1944. O Depósito de Vertebrados Pleistocênicos de Águas do Araxá (Minas Gerais). An. Acad. Bras. Cienc., 16: 193-196.
Simpson, G. G., & Couto, C. D. P. (1957). The mastodonts of Brazil. Bulletin of the AMNH; v. 112, article 2.


2 comentários:
obrigada
Os fósseis que estavam em caixa no hotel, sem acesso ao público, na verdade se encontram desde a reforma dos final dos anos 1990, numa universidade da cidade de Belo Horizonte, capital do estado de Minas Gerais. Os que se encontram expostos em vitrine, são réplicas feitas na mesma época.
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