Saiu na comunicação social, vários os comentários sobre um estudo liderado por G. Packard "Allometric equations for predicting body mass of dinosaurs" publicado no Journal of Zoology, alegando que os cientistas se tinham enganado redondamente e exagerado o peso dos dinossauros.
Seguramente tem havido exageros na indicação da massa e comprimentos dos dinossauros, sobretudo na comunicação social. Contudo, o caso muda de figura se olharmos para os artigos científicos. Estes variam muito entre si mas alguns apontam valores que, nalguns casos, abrangem os apresentados por Packard et al (2009).
Replico aqui as respostas às perguntas feitas pelo jornalista Mário Gil, do Correio da Manhã, que deverão sair amanhã, sábado.
Seguramente tem havido exageros na indicação da massa e comprimentos dos dinossauros, sobretudo na comunicação social. Contudo, o caso muda de figura se olharmos para os artigos científicos. Estes variam muito entre si mas alguns apontam valores que, nalguns casos, abrangem os apresentados por Packard et al (2009).
Replico aqui as respostas às perguntas feitas pelo jornalista Mário Gil, do Correio da Manhã, que deverão sair amanhã, sábado.
1- O modelo estatístico utilizado desde há 25 anos para calcular o peso dos dinossauros é agora considerado defeituoso. Concorda?
O modelo agora proposto é complexo e teria de o estudar em detalhe para o testar devidamente. Contudo, a estimativa do peso dos dinossauros sempre foi muito complexa e abordada de diferentes maneiras. Há trabalhos realizados nas últimas décadas nos quais os investigadores usam estimativas matemáticas, outros usam versões corporais em computador, outros ainda estimam o volume através de modelos plásticos à escala, e até digitalizações a laser dos esqueletos fósseis, o que resulta em valores muito díspares.
O dinossauro Apatosaurus já tinha sido estimado de 22 a 44 toneladas de peso, valor acima das 18 toneladas que este novo estudo indica, mas no caso do dinossauro Opisthocoelicaudia tinha sido sugerido num estudo de 1997 o peso de 10,5 toneladas, enquanto que este novo estudo sugere 13 toneladas. Como se vê, o modelo estatístico agora sugerido vem apresentar resultados médios inferiores aos habituais, mas não criticamente diferentes.
2 - Os cientistas têm consciência que exageraram no peso dos dinossauros?
A estimativa do peso dos animais fósseis a partir de ossos é difícil. Sobretudo nos maiores dinossauro, os saurópodes, que hoje sabemos que tinham as vértebras e o corpo recheado de sacos de ar que lhe reduziam o peso, mas mantinham o grande volume. Isso dificulta as estimativas de peso corporal.
Eu suspeito que, em alguns caso, as dimensões dos maiores dinossauros têm sido exageradas, sobretudo quando não temos os esqueletos completos, e talvez instigados pela comunicação social que procura sempre pelo maior e o mais pesado. Contudo, a maior parte dos estudos têm sido fidedignos.
3 - Um modelo corrigido vai ter importantes implicações na biologia dos dinossauros, como formas de locomoção ou necessidades alimentares?
Qualquer que seja a massa corporal dos dinossauros, isso terá implicações na sua biologia, pois altera o que pensamos ser a necessidade alimentar, metabolismo, mecânica da locomoção e até temperatura corporal.
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