segunda-feira, dezembro 15, 2008

Quanto tempo decorre até se poder considerar uma planta ou animal como fóssil?


Se definirmos fóssil como sendo qualquer vestígio natural de origem biológica preservado em rocha, sedimento ou gelo, então temos algo que pode levar desde alguns minutos até centenas de milhões de anos a formar-se. No primeiro caso temos o exemplo de um animal que fica aprisionado numa tempestade de neve, areia ou na lava de um vulcão e no segundo temos o exemplo típico da esmagadora maioria dos dinossauros Jurássicos que encontramos na Lourinhã. Sendo um processo contínuo, iniciado com a morte e soterramento até à formação do substrato geológico é impossível dizer quanto tempo demoram a formar-se os fósseis. É como perguntar quando tempo demora a formar-se um monte de areia se partirmos de uma superfície plana e diariamente acrescentarmos um grão de areia: a partir de que momento podemos dizer que se temos um monte? Não há nenhuma barreira nítida. A resposta não é fácil e existe até uma ciência dedicada exclusivamente ao estudo dos processos de fossilização: A Tafonomia (do grego tafós, enterramento, sepultura e nómos, lei).
Quanto aos fósseis que encontramos na Lourinhã seguramente que não sofreram fortes alterações geológicas desde o Jurássico (150 milhões de anos atrás). Caso contrário não se teriam preservado da forma que o fizeram. O seu soterramento e preservação deveram ter sido rápidos (possivelmente apenas dias ou semanas). No entanto, nada disto quer dizer que a gradual substituição dos químicos iniciais por minerais menos perenes (processo de fossilização) tenha sido rápido provavelmente demorou vários milhões de anos até obterem as características que hoje podemos observar sempre que escavamos um dinossauro.
Assim sendo temos no sentido mais lato de fóssil um espectro temporal muito amplo quanto ao que dura a fossilização de um (ou o vestígio de um) organismo. No sentido mais restrito, se pensarmos nos dinossauros descobertos na Lourinhã estamos a falar de vários milhões de anos. Outro tema interessante é sabermos como sabemos que esses mesmos animais viveram há milhões e não milhares de anos, mas isso é outra história…


PS: O estado norte-americano do Oregon tem uma localidade chamada Fossil, este, deve ser sem dúvidas o fóssil mais curioso do mundo e seguramente que não demorou milhões de anos a formar-se.


Foto: Casca de ovo de dinossauro do Museu Britânico de História Natural (Londres).

1 comentário:

Bruno Pereira disse...

Este tema é bastante controcerso e parece-me que não terá um fim para breve.
Nós por cá (FCUL) utilizamos que "um fóssil é todo e qualquer resto e vestígio da actividade de seres vivos que se encontram preservados no registo geológico". Ora, seguindo esta definição o extremo da questão seria uma concha enterrada na areia será ou não um fóssil, já que areia pertence ao registo geológico?
Assim, o que consideramos é que se trata de um subfóssil, ou seja, que não será um fóssil como estamos habitualmente acostumados a considerar, mas algo ue com as devidas condições poderá completar o processo de fossilização.