domingo, dezembro 28, 2003

PEGADAS

Portugal é rico em pegadas de dinossauros de Jurássico Médio ao Cretácico.

Existem vários tipos de preservação de pegadas:
1) Pegada propriamente dita (côncavas)
2) Contra-molde (convexa)
3) Supra-molde (convexa)

As pegadas permitem identificar o tipo de dinossauros, conhecer partes do comportamento, conhecer a velocidade e compreender a mecânica e locomoção do esqueleto.

TERÓPODES, Os Carnívoros

Os terópodes (Theropoda) eram dinossauros carnívoros bípedes, dos quais o Tyrannosaurus rex é o mais famoso.
A maioria dos terópodes eram predadores ou necrófagos. Tinham dentes afiados e serrilhados, adaptados a matar e a cortar carne.
Um grupo muito especial de terópodes com penas, os dromeossauros, deram origem às aves.
Conhecem-se várias espécies de terópodes no Jurássico Superior de Portugal, entre os quais:
Ceratosaurus
Lourinhanosaurus antunesi
Torvosaurus
Allosaurus
Aviatyrannis jurassica
Dromaeosauridae

O Torvosaurus era o maior terópode de Portugal.

SAURÓPODES- Os Gigantes

Os saurópodes (Sauropoda) eram grandes dinossauros herbívoros e quadrúpedes (caminhavam sobre as quatro patas), facilmente identificáveis pelo seu longo pescoço.
Os saurópodes foram os maiores animais a caminhar na Terra. Os maiores, como o Seismosaurus, tinham 40 metros e 49 toneladas.

Os saurópodes conhecidos no Jurássico Superior de Portugal são:

Camarasaurus
Apatosaurus
Lusotitan atalaiensis
Dinheirosaurus lourinhanensis
Lourinhasaurus alenquerensis

ESTEGOSSAUROS- os dinossauros com espinhos

Os estegossauros (Stegosauria) fazem parte do grupo dos dinossauros ornitísquios couraçados, os tireóforos (Thyreophora). Eram relativamente comuns durante o Jurássico mas mais raros no Cretácico. Todos os estegossauros eram herbívoros e quadrúpedes (caminhavam sobre as quatro patas).

Os estegossauros tinham placas ou espinhos no dorso e cauda que podiam servir para defesa. Acredita-se que as placas do Stegosaurus serviam para regilar a temperatura, como um painel solar.

O estegossauro Dacentrurus é, talvez, a espécie de dinossauro mais comum em Portugal durante o Jurássico Superior.

O estegossauro de Miragaia foi descoberto em 1999 por Rui Soares e escavado pelo Museu da Lourinhã. É o estegossauro mais completo de Portugal.

OS DINOSSAUROS

Os dinossauros (dinos= terrível + sauros= lagarto) são répteis que viveram durante 160 milhões de anos. Foram dos grupos de vertebrados mais bem sucedidos na Terra. Distiguem-se dos outros répteis por terem os membros posteriores parassagitais (abaixo do corpo).

Diversidade: Conhecem-se cerca de 1000 espécies de dinossauros e acredita-se que estas representam apenas 2 a 5% dos dinossauros que existiram. Os dinossauros dividem-se em saurísquios (Saurischia) e ornitísquios (Ornithischia).

Alimentação: Tal como entre os mamíferos actuais, havia dinossauros carnívoros, hervívoros, omnívoros, necrófagos, etc.

Dinossauros actuais: As aves derivam (descendem) directamente do dinossauros terópodes (carnívoros) sendo, por isso, consideradas dinossauros modernos. As vês são, portanto, os únicos dinossauros que não se extinguiram.

Tamanho: O dinossauro mais pequeno que se conhece é o colibri, ave com 2 cm. Entre os dinossauros não-avianos, os mais quepenos eram do tamanho de uma galinha, enquanto que os maiores tinham 40 metros de comprimento e 49 toneladas.

INVERTEBRADOS E O INÍCIO DA VIDA

Os primeiros Seres Vivos apareceram há 3500 milhões de anos. Tratavam-se de seres microscópicos muito simples. A tempo e a selecção natural fez com que a Vida evoluísse para uma enorme variedade de espantosos seres adaptados aos diferentes habitats.

Actualmente conhecem-se cerca de um milhão se espécies de animais. Destes, 95% são Invertebrados (sem coluna vertebral).

Os principais grupos de animais são:
Esponjas e corais (Porifera e Cnidaria)
Vermes achatados e redondos (Platyhelminthes, Nemertea e pseudocelumados)
Anelídeos
Artrópodes
Trilobites (todas extintas)
Queliceriformes (aranhas, escorpiões e afins)
Insectos (moscas, louva-a-deus, gafanhotos, etc.)
Crustáceos (caranguejos, lagostim, etc.)
Moluscos
Cefalópodes (amonites, náutilos, luvas, polvos, e afins)
Gastrópodes
Bivlves
Braquiópodes
Equinodermes (estrelas-do-mar, ouriços-do-mar, crinóides e afins)
Vertebrados (Homem, baleia, cobra, morcego, etc.)

PALEONTOLOGIA

A Paleontologia (paleo= antigo + onto= ser + logia= tratado, ciência), Ciência que estuda os seres vivos extintos, divide-se em Paleozoologia, que estuda os fósseis de animais, e Paleobotânica que estuda os fósseis de plantas.

Técnicas
1) Para se descobrir um fóssil é necessário começar pela prospecção (procura) no terreno. Os paleontólogos socorrem-se da Carta Geológica para saber quais os melhores locais a prospectarem.
2) Após a descoberta de um fóssil vem a tarefa da recolha. Grandes fósseis, como a maioria dos dinossauros, requerem uma escavação.
3) Assim que o fóssil é recolhido segue-se a preparação laboratorial que consiste na limpeza, micro-escavação, colagem, reconstituição, moldagem, etc. Na maioria dos casos a preparação é, de todos, o processo mais moroso.
4) Segue-se o estudo científico que consiste na descrição anatómica, aferição taxonómica, escrita dos resultados e publicação científica.

GEOLOGIA

Fossilização: A fossilização, processo que conserva os vestígios de seres vivos, requer muito tempo. O processo mais comum de fossilização é a petrificação em que a matéria orgânica de um animal ou planta é substituída pelos minerais do sedimento circundante.
Os ossos fossilizados não têm a cor branca original porque absorveram os minerais dos sedimentos circundantes que alteraram a sua cor.

Cronologia: Os geólogos dividiram o passado da Terra em Eras, Períodos e Idades de acordo com as características geológicas e tipo de seres vivos naquele tempo. Como a Vida começou há cerca de 3500 milhões de anos a unidade usada pelos geólogos para medir o tempo é 1 Milhão de Anos.
Os dinossauros viveram durante a Era Mesozóica que se divide em 3 Períodos: Triásico, Jurássico e Cretácico. Os dinossauros da Lourinhã são todos do Jurássico Superior.
Do ponto de vista geológico o aparecimento do Homem na Terra é muito recente. Extrapolando toda a história da Vida para a duração de um ano o Ser Humano só teria aparecido nos últimos minutos de 31 de Dezembro.

Paleogeografia: Os continentes movem-se muito lentamente na crosta terrestre, fenómeno chamado deriva continental. Durante o Jurássico Superior a Europa estava dividida em várias massas de terra e a América encontrava-se relativamente mais próxima.

Extinção: Todos os dinossauros não-avianos extinguiram-se há, pelo menos, 65 milhões de anos. Os cientistas ainda discutem qual, ou quais, os fenómenos que causaram essa extinção.

sábado, dezembro 27, 2003

Extinção

Todos os dinossauros não-avianos extinguiram-se há, pelo menos, 65 milhões de anos. Os cientistas ainda discutem qual, ou quais, os fenómenos que causaram essa extinção.

Paleogeografia

Os continentes movem-se muito lentamente na crosta terrestre, fenómeno chamado deriva continental. Durante o Jurássico Superior a Europa estava dividida em várias massas de terra e a América encontrava-se relativamente mais próxima.

Fossilização

A fossilização, processo que conserva os vestígios de seres vivos, requer muito tempo. O processo mais comum de fossilização é a petrificação em que a matéria orgânica de um animal ou planta é substituída pelos minerais do sedimento circundante.
Os ossos fossilizados não têm a cor branca original porque absorveram os minerais dos sedimentos circundantes que alteraram a sua cor.

terça-feira, dezembro 09, 2003

Que tipo apoio dão as instituições científicas ao Museu da Lourinhã?

Resposta:
Instituições científicas colaboram com o Museu da Lourinhã em vários níveis pelo intercâmbio de informação e recursos mas nenhuma toma um papel tão preponderante como o Centro de Estudos Geológicos da Universidade Nova de Lisboa (CEGUNL). O Professor Miguel Telles Antunes, deste Centro, tem dado uma forte orientação e apoio científico e institucional ao Museu da Lourinhã. Eu próprio encontro-me institucionalmente ligado ao CEGUNL através de uma Bolsa de Doutoramento que me permite dedicar aos dinossauros jurássicos e desenvolver o Museu da Lourinhã.
A Câmara Municipal da Lourinhã, por seu lado, dá um grande contributo financeiro ao Museu da Lourinhã mas, infelizmente, é o único apoio que o Estado nos dá.

De que forma se preservaram estes achados antes da construção do museu?

Resposta:
Muitos vestígios foram para o Museu Geológico, em Lisboa, onde permanecem até hoje.

Só em 1997 é que se deu a devida importância à causa dos dinossauros. Antes disso ninguém o fez? Se sim, Quem? e De que forma?

Resposta:
Em 1997 foi divulgada a descoberta de um magnífico ninho com ovos e embriões em Paimogo, Lourinhã, o que é talvez a maior descoberta paleontológica em território nacional. Essa notícia correu o mundo e marcou o renascimento dos dinossauros na Lourinhã. Contudo, dinossauros já eram conhecidos em Portugal desde 1863 e muitos fósseis haviam sido recolhidos desde então, mas a informação reduzia-se sobretudo ao meio científico. Foram publicados bons estudos por Georges Zbyszewski, Albert de Lapparent, Octávio da Veiga Ferreira e outros geólogos do século XX.

Qual critério para nomear os dinossauros exclusivos desta zona: Lourinhanosaurus antunesi, Dinheirosaurus lourinhanensis, Lourinhasaurus

Resposta:
Isto levanta duas questões: a existência de espécies únicas e novas, e a escolha dos nomes.
A região Oeste é uma das mais produtivas (senão a mais) em dinossauros jurássicos na Europa. Encontram-se muitos vestígios e como a Iberia era uma ilha durante o Jurássico Superior, isso produziu um isolamento geográfico que induziu a série de formas únicas de espécies e géneros de dinossauros. Quando um cientista se depara com um dinossauro que nunca descrito e com características únicas, pode ter a honra que erigir uma nova espécie com um novo nome que se rege por um Código de Nomenclatura Zoológica e desde que siga as normas, o nome é escolhido pelo cientista que tem a liberdade de colocar um nome como preferir. Normalmente, o nome honra um local, outro cientista, o descobridor, ou uma característica anatómica ou ecológica do animal. Daí o nome destes e outros dinossauros.

Qual a ligação entre os Centros Jurássicos existentes no País? É uma relação de 'rivalidade' ou partilham conhecimentos e descobertas?

Resposta:
Existe um pouco de tudo. Nós temos excelentes relações com o Centro de Estudos Geológicos da UNL, Instituto Geológico e Mineiro, Museu Geológico, etc. Pessoalmente, eu gostaria que houvesse mais abertura por parte de outros grupos.
É impossível fazer Ciência sem se partilharem os conhecimentos e descobertas e a melhor forma de o concretizar é com a publicação das descobertas para toda a comunidade científica.

E no resto do País? Quem são essas pessoas? Curiosos? Estudantes? Investigadores (portugueses; estrangeiros)?

Resposta:

Sobretudo os jovens estudantes mostram-se muito interessados no Museu e na temática dos dinossauros e participam em regime de voluntário.
Por outro lado existem fecundas colaborações com instituições científicas nacionais e estrangeiras que resultam em trabalhos conjuntos. Destacam-se o Centro de Estudos Geológicos da Universidade Nova de Lisboa e o Museu Nacional de História Natural de Paris.

Há gente (na Lourinhã) interessada em colaborar com o Museu?

Resposta:
O Museu da Lourinhã não seria o que é sem a população da Lourinhã. O facto de ser uma associação não governamental chama os lourinhanenses e outros a tornarem-se sócios e a colaborarem a todos os níveis, voluntariamente, desde em funções directivas a funções básicas de manutenção. Além disso, muito do material actualmente do Museu foi doado pela população.

Qual a importância dada, pela população da Lourinhã, ao Museu?

Resposta:
A população acarinha o Museu e a temática dos dinossauros. Hoje, a Lourinhã é, verdadeiramente, a Capital dos Dinossauros e o resultado é visível na população e estabelecimentos comerciais que adoptam nomes como DinoKart, Dinopão, Publissauros, Dinopeças, etc.

Qual o período do ano com mais visitas no Museu da Lourinhã?

O Verão é, claramente, o período com mais visitantes, favorecendo da localização geográfica na Região Oeste, área turística muito apreciada.

Qual a adesão do público ao Museu da Lourinhã? Quantas visitas por ano?

O Museu da Lourinhã recebe cerca de 17.000 visitante por ano de escola de todo a país, turista nacionais e estrangeiros e cientistas. A adesão e interesse dos visitantes são grandes, muito positivos e encorajador para a continuação do trabalho futuro.

sábado, dezembro 06, 2003

Licenciatura em Biologia

> A minha 2ª pergunta é se com um curso de biologia é suficiente para se
> especializar em Paleontologia e o devo fazer, agora que estou no 11º ano,
> para no futuro poder vir a ser paleontólogo ?
Carlos Marques

Qualquer licenciatura é insuficiente para ser paleontólogo, mas a
licenciatura em Biologia ou Geologia são os inícios para a carreira. Por
outras palavras, a licenciatura não é o Todo mas é Parte essencial.

Qualquer aspirante a paleontólogo deverá fazer o curso de Biologia ou
Geologia. Eu fiz a licenciatura em Biologia e estou muito contente com este
"background" de formação pois a biologia estuda os seres vivos, sejam
actuais ou extintos. Actualmente estou inserido no departamento de Ciências
da Terra da Univ. Nova de Lisboa.

Pilhagem de jazidas

> Eu li uma notícia no GEOPOR, que o local onde tinham sido encontradas
> pegadas, não foi divulgado, por causa de evitar o roubo das mesmas.
> Também li no artigo da CAIS escrito pelo, prof. dr. Antunes, a mesma situação.
> É normal haver assim assaltos as jazidas, ai na Lourinhã ?
Carlos Marques

Algumas jazidas são pilhadas e destruídas. Desconhecemos a razão e os
intervenientes, mas parecem ser de dois tipos distintos:

1) pessoas curiosas, sem experiência, que tentam recolher o fóssil.
Normalmente, destroem mais do que recolhem pois não possuem as técnicas de
recolha e desconhecem a importância e características dos fósseis.

2) colectores amadores ou profissionais. Recolhem os fósseis com
profissionalismo. Podem ser coleccionadores privados, vendedores de fósseis,
associados de organizações relacionadas com fósseis e cientistas.
Desconhecemos o destino mas sabemos que alguns fósseis acabam por ir para o
estrangeiro.
Octávio Mateus