Um estudo recente da NOVA School of Science and Technology | FCT NOVA e do Museu de Lourinhã descreve fósseis do período Jurássico pertencentes a uma espécie de anfíbio semelhante a uma salamandra “ornamentada” denominada Celtedens.
Foram estudados dezenas de indivíduos, pertencentes ao Museu Geológico de Lisboa e ao Museu da Lourinhã, sendo Portugal detentor de uma das maiores coleções destes pequenos animais do Jurássico. O estudo foca-se na forma, e como esta varia, de um osso específico do crânio, que se pensa ser bastante diagnóstico. A variação intraespecífica, devida ao sexo, idade e fatores ambientais, é superior à variação observada entre espécies distintas, complicando o trabalho dos paleontólogos.
Filippo Rotatori e Alex Guilllaume, a excavar na jazida de Valmitão, na Lourinhã
A equipa, composta por Alexandre R. D. Guillaume (estudante de Doutoramento), Miguel Moreno-Azanza e Octávio Mateus da NOVA School of Science and Technology de Lisboa | FCT NOVA e do Museu da Lourinhã, e por Carlos Natário (paleontólogo amador), descreveu uma nova coleção de espécimes do Jurássico Superior de Portugal num artigo publicado na aclamada revista científica internacional “Historical Biology”. Este trabalho faz parte da dissertação de Doutoramento de Alexandre Guillaume, que se foca no estudo de microfósseis de vertebrados.
O estudo focou-se nos ossos frontais, facilmente distinguíveis de outros fósseis e com uma forma bem característica neste grupo de animais. De acordo com estudos anteriores, estes ossos podem até ser usados para distinguir espécies distintas. O estudante de Doutoramento e os seus colegas analisaram 120 ossos frontais provenientes da Lourinhã e Guimarota de modo a confirmar a presença de novas espécies.
“Nós sabíamos que tínhamos algo novo”, diz Alexandre. “A grande questão era se teríamos uma ou mais espécies novas, pois os fósseis da Lourinhã e da Guimarota não têm exatamente a mesma idade e são provenientes de ambientes distintos.”
No entanto, o estudo provou ser mais complicado do que o esperado quando os autores se depararam com algo inesperado. Usando dados relativos à anatomia e morfologia dos espécimes, os autores realizaram análises estatísticas e testaram potenciais relações com outros albanerpetontídeos, concluindo que os ossos frontais por si só não podem ser usados para identificar espécies, mas apenas o género.
O próximo passo de Alexandre Guillaume será estudar em igual detalhe outros ossos encontrados na Lourinhã e compará-los com outras espécies. Outros espécimes serão também estudados de modo a encontrar mais caracteres relevantes.
“Eventualmente, o Alexandre irá descrever as espécies que temos em Portugal e resolver o mistério em torno deste grupo. É um projeto bastante excitante!” elogiam os orientadores Miguel Moreno-Azanza e o Octávio Mateus.
A recolha destes pequenos microfósseis é uma tarefa que envolve mais de 1000 horas trabalho cuidadoso levado a cabo pelos autores, mas maioritariamente por voluntários do projeto de ciência cidadã MicroSaurus, no museu da Lourinhã e no Parque dos Dinossauros da Lourinhã, e por estudantes da NOVA School of Science and Technology | FCT NOVA. O projeto contou com o apoio da Fundação para a Ciência e Tecnologia e do Parque de los Dinossauros de Lourinhã.
A referência é:
Guillaume, A. R., Natário, C., Mateus,
O., & Moreno-Azanza, M. (2022). Plasticity in the morphology of the
fused frontals of Albanerpetontidae (Lissamphibia; Allocaudata). Historical Biology, 1-18. https://doi.org/10.1080/08912963.2022.2054712
Este trabalho é financiado por fundos nacionais através da FCT – Fundação para a Ciência e a
Tecnologia, I.P., no âmbito do projeto BIOGEOSAURIA PTDC/CTA-PAL/2217/2021
Sem comentários:
Enviar um comentário