sexta-feira, agosto 09, 2019

Dinossauros da Transilvânia

Um dos países da Europa mais interessantes para escavar dinossauros é a Roménia, sobretudo na Transilvânia território que viu nascer o Barão Nopcsa e as famosas lendas do Drácula. A Roménia de hoje é um país em plena mudança, em crescimento económico, em limpeza e melhoramento geral com claro apoio da União Europeia. Faz lembrar Portugal há cerca de vinte anos atrás. As pessoas são muito simpáticas e prestáveis. Além dos romenos, convivem vários grupos étnicos, sobretudo romenos de origem húngara (6.5%), e romenos de etnia cigana (3%).

Percurso pela Roménia



Balaur bondoc, um dos mais espectaculares fósseis da Roménia

Nopcsa

Franz Nopcsa von Felső-Szilvás (1877 - 1933), também conhecido por Barão Nopcsa, foi um paleontólogo da Transilvânia de origem húngara de famílias poderosas. Paleontólogo excepcional, de carácter excêntrico cuja vida daria um filme de espionagem, intriga, drama, guerra e ciência. Figura incontrolável na paleontologia romena.
Em termos paleontológicos e de dinossauros, a Roménia é conhecida pelas descobertas do Barão Franz Nopcsa, cuja vida está sumarizada no livro Rise and Fall of Dinosaurs de Steve Brusatte. Nopcsa debruçou-se sobre os dinossauros de Hațeg de estrutura anã. Ver a sua entrada na Wikipédia.
Barão Nopcsa

Hațeg

A paleo-ilha Hațeg (lê-se Hatseg) no que hoje é parte da Transilvânia, na Roménia, era uma grande ilha no mar de Tétis que existia durante o Cretácico Superior. Fósseis Maastrichtianos de dinossauros de pequeno porte foram encontrados nas rochas da ilha, que foi formada principalmente pela elevação durante a orogenia alpina, causada pela colisão das placas africana e eurasiática.

Logo do Geoparque Hateg

O paleontólogo Franz Nopcsa teorizou que "recursos limitados" encontrados na ilha têm um efeito de "reduzir o tamanho dos animais" ao longo das gerações, produzindo uma forma localizada de nanismo. A teoria de nanismo insular de Nopcsa foi mais tarde demonstrada noutro local com o saurópode Europasaurus holgeri.

Fauna fóssil

Na Transilvânia conhece-se ainda o terópode dromeossauro Balaur com duas garras alteadas e as seguintes espécies ou géneros:
  • Testudinata: Pleurosternon, Kallokibotion bajazidi, Muehlbachia. 
  • Lepidosauria: Beckesius nopcsai, Bicuspidon hatzegiensis, Barbateius vremiri, Madtsoidea
  • Loricata: Musturzabalsuchus, Theriosuchus sympiestodon, Doratodon, Acynodon, Allodaposuchus precedens, Aprosuchus girai
  • Ornithischia: Struthiosaurus transilvanicus, Rhabdodon priscus, Zalmoxes robustus, Telmatosaurus transylvanicus.
  • Mammalia: Barbatodon, Kogaionon ungureanui, Litovoi tholocephalos.
  • Pterosauria: Hatzegopteryx thambema, Eurazhdarcho langendorfensis.
  • Sauropods: Magyarosaurus dacus, Paludititan nalatzensis.
  • Theropoda: Elopteryx nopcsai, "Megalosaurus hungaricus", Balaur bondoc, Bradycneme draculae, Paranychodon, Richardoestesia, Heptasteornis.
  • Amphibia: Albanerpeton, Paralatonia transylvanica, Hatzegobatrachus grigorescui.
  • Actinopterygii: Lepisosteus, Atractosteus, Acipenser.

Cascas de ovos descobertos em Boița.

10 sítios de interesse paleontológico a visitar

1. Hațeg: Centro de interpretação do Geopark Hațeg (Geoparcul Dinozaurilor „Țara Hațegului”). Tem ovos de dinossauros em exposição. É onde trabalham Alexandru Andrășanu (coordenador, www.hateggeoparc.ro) e o casal Dan Horatio Popa e Adina Popa que fizeram a sua formação na Universidade do Minho, em Braga.


Ovos de dinossauro em Hateg
Adina e Dan Horatio Popa


2. Sânpetru. House Dwarf Dinosaurs. Centro de interpretação do Geopark Hațeg. Tem ossos de Zalmoxes e saurópode em exposição.


3. Valea Dinozaurilor. Jazida com Zalmoxes e Hatzegopteryx https://maps.app.goo.gl/M7S4LLzpBRjY682w7


Vale dos dinossauros

4. Boița. Jazida com ovos.
Boița




Boița

5. Rio Barbat (perto de Pui), jazida com ossos de dinossauros e mamíferos GPS:45.510, 23.094



Rio Barbat (perto de Pui).

6. Sălașu de Sus, povoação com uma óptima reconstrução de Magyarosaurus dacus no centro da praça.



Modelo de Magyarosaurus dacus.



7. Deva: Museum of Dacian and Roman Civilisation. www.mcdr.ro. Com numerosos fósseis incluindo Rhabdodon priscus, Zalmoxes robustus, Telmatosaurus transylvanicus. Tem também uma exposição sobre a cultura Romana Dácia, com uma fabulosa forma para fundição de bronze com a alusão a vários animais, incluindo leopardo, leão, rinoceronte, elefante e hipopótamo (https://skfb.ly/6HTuW).








8. Cluj Napoca: a. EME, Transylvanian Museum Society, onde está o holótipo de Balaur bondoc e trabalha o paleontólogo Mátyás Vremir.
b. UBB, Babeș-Bolyai University, Department of Geology-Palaeontology. Onde estão numerosos fósseis incluindo Theriosuchus.

9. Bucareste: a. National Museum of Natural History "Grigore Antipa" é um surpreendente museu com paleontologia, antropologia, anatomia comparada, entomologia e numerosos dioramas com a fauna das várias regiões climáticas. A peça central é o impressionante holótipo do Deinotherium. Tem ainda esqueletos de moa e dodo.
b. Universidade de Bucareste tem o primeiro laboratório de paleontologia do país, com numerosos fósseis, mas sem área expositiva. É onde trabalha o paleontólogo Zoltán Csiki-Sava

Com o paleontólogo Zoltán Csiki-Sava







Holótipo de Deinotherium, Museu Antipa, em Bucareste




Esqueleto de equidna, Bucareste.




Esqueletos de moa e dodo.


10. Râşnov: Dino Park Râşnov, parque semelhante ao DinoParque Lourinhã.


E o Drácula?

Transilvânia é uma região famosa devido à história do Drácula, um romance de ficção gótica publicado em 1897, escrito pelo autor irlandês Bram Stoker, tendo como protagonista o vampiro Conde Drácula. Nunca um romance influenciou tanto a visão externa de uma região, de tal forma que as palavras Transilvânia e Drácula são quase indissociáveis. A história é obviamente ficção, mas inspirada na mitologia local e nas lendas de Vlad III, o empalador, o cruel vovoide (príncipe) da Valáquia do século XV, filho de Vlad II da ordem do dragão, em romeno Dracul, e que chegou a assinar como Dracula, no qual Bram Stoker se inspirou para o seu famoso romance, e que, por sua vez, influenciou tantos filmes e histórias da cultura popular. Uma longa lista de filmes coloca Drácula como uma das personagens mais representadas na história do cinema.

A volta pela Roménia não estaria completa sem visitar o castelo do Vlad em Bran, a casa onde nasceu em Sighișoara, e claro, ler o livro Drácula, que agora é de domínio público. A mais antiga versão portuguesa que consegui descobrir é de 1953 segundo a Biblioteca Nacional. Vale a pena ler.

Retrato do cruel Vlad III, o Empalador

Castelo de Bran, onde viveu Vlad



E ainda... um banho em Constanta no Mar Negro, de noite!


Octávio Mateus 20190809

Sem comentários: