quarta-feira, dezembro 16, 2015

Filhos da Nação (RTP) sobre dinossauros e Projecto PaleoAngola

Dinossauros e Projecto PaleoAngola no programa Filhos da Nação da RTP de dia 1 de Dezembro 2015, aqui com reprodução integral:


Post Scriptum: alguns utilizadores fora de Portugal afirmam não conseguir ver este vídeo pelo que se sugere o recurso a esta ligação https://www.vpnmentor.com/blog/watch-rtp-outside-portugal.


terça-feira, dezembro 15, 2015

Dinossauros portugueses na perspectiva do artista Nobu Tamura

Nobu Tamura é um dos artistas especializado em paleoarte com um portfólio que vale a pena visitar em Blog Spinops onde tem os seguintes dinossauros portugueses: Zby atlanticus, Miragaia longicollum, Torvosaurus gurneyi, e o crocodilomorfo Theriosuchus pusillus.
Zby atlanticus na perspectiva do artista Nobu Tamura.

Os seus trabalhos estão disponíveis para uso não comercial através da licença Creative Commons 3.0 Unported (CC BY-NC-ND 3.0). Desta forma, Tamura fez com que os seus desenhos fossem dos mais usados na internet.

Miragaia longicollum na perspectiva do artista Nobu Tamura.

Theriosuchus na perspectiva do artista Nobu Tamura.
Torvosaurus gurneyi na perspectiva do artista Nobu Tamura.

 E ainda muitos outros dinossauros e fósseis de todo o mundo. Dois exemplos aqui que tiveram participação portuguesa: Kaatedocus e Europasaurus.

Ver mais de N. Tamura:
http://ntamura.deviantart.com/
http://chasmosaurs.blogspot.pt/2011/02/interview-with-paleoartist-nobu-tamura.html




Kaatedocus por Nobu Tamura
(
Creative Commons 3.0 Unported CC BY-NC-ND 3.0).
Europasaurs por Nobu Tamura
(
Creative Commons 3.0 Unported CC BY-NC-ND 3.0).

segunda-feira, dezembro 14, 2015

Braquiópodes mostram padrões palegeográficos do Jurássico Inferior

Os braquiópodes eram animais comuns nos mares do Jurássico Inferior nos quais se conhecem dezenas de espécies. Um novo estudo vêm esclarecer os padrões paleobiogeográficos da fauna de braquiópodes ibéricos durante o Toarciano sup.-Aaleniano inf. (Jurássico). O artigo é publicado na Paleo3 sendo assinado por Benito Andrade, Luis V. Duarte, Fernando García Joral, Antonio Goy e Maria H. Henriques e Espanha e da Universidade de Coimbra.
Mapa de afloramentos jurássicos (Andrade et al. 2016)


Dois distritos ibéricos foram diferenciados no Toarciano superior e Aaleniano inferior, tendo as faunas de braquiópodes mostrado diferenças na composição e evolução, em que a biogeografia está relacionada a mudanças ambientais e o padrão de paleocorrentes limitado a dispersão das espécies.

Braquiópodes (Andrade et al. 2016)
Referência:
Andrade, B., Duarte, L.V., Joral, F.G., Goy, A. and Henriques, M.H., 2015. Palaeobiogeographic patterns of the brachiopod assemblages of the Iberian Subplate during the Late Toarcian-Early Aalenian (Jurassic).Palaeogeography, Palaeoclimatology, Palaeoecology.
Mapa de paleocorrentes (Andrade et al. 2016)

Paleolatitude: Ibéria à deriva nunca esteve tão a Norte

Numerosos dados provam a tectónica de placas e mostra a sua influência na paleogeografia e distribuição das espécies. A tectónica de placas fez com que a latitude da Península Ibérica mudasse ao longo do tempo.


Agora há um novo recurso digital, www.paleolatitude.org, precisamente para fornecer a latitude de qualquer local do planeta ao longo dos milhões de anos. Por exemplo, a Lourinhã está hoje está aos 39ºN de latitude, mas há 150 milhões de anos, em pleno Jurássico Jurássico Superior, o território por onde andavam os Lourinhanosaurus, Miragaia e Lusotitan, estava a 27.8ºN de latitude. Esta latitude hoje é a fronteira entre Marrocos e o Sahara Ocidental, o que explica o ambiente árido descrito por Myers et al. (2012) para a Formação da Lourinhã com temperatura média de 31º C, e precipitação de 1100 mm/ano.

Onde foram recolhidos fitossauros e dinossauros na Gronelândia, hoje aos 72ºN, estava aos 49ºN há 200 milhões de anos, no Triásico, praticamente à latitude de Paris de hoje.

Outra curiosidade é que tanto a Ibéria como a Gronelândia nunca estiveram numa posição tão a norte como agora.

Ref.:
Myers, T.S., Tabor, N.J., Jacobs, L.L. and Mateus, O., 2012. Palaeoclimate of the Late Jurassic of Portugal: comparison with the western United States.Sedimentology59(6), pp.1695-1717.

"Brontosaurus está de volta" entre as 12 melhores histórias científicas de 2015, diz revista Discover

A revista americana Discover releva, todos os anos, as 100 descobertas científicas mais importantes de cada ano. Em 1997, já tinha colocado os ovos e embriões de dinossauro de Paimogo na lista. Importa salientar que estes 100 lugares refletem todos os domínios da ciência.
Este ano salientou o caso da história da recuperação do Brontosaurus  classificando-o como o 12ª "top story" da ciência em 2015. Recorde-se que esta investigação da FCT-Universidade Nova de Lisboa e Museu da Lourinhã, liderada por Emanuel Tschopp, teve um enorme impacto nos meios de comunicação social e na ciência.

Brontosaurus por Davide Bonadonna


http://discovermagazine.com/2016/janfeb/12-bully-for-brontosaurus
http://discovermagazine.com/2016/janfeb

O site Altmetric coloca o 55º artigo científico mais influente de 2015 devido a:
65 news outlets
30 blogs
357 tweeters
1 peer review site
41 Facebook pages
20 Wikipedia pages
16 Google+ users
1 Redditor
1 video uploader


Posts relacionados:
http://lusodinos.blogspot.pt/2015/04/brontosaurus-superstar.html
http://lusodinos.blogspot.pt/2015/03/brontosaurus-um-dos-dinossauros-mais.html
http://lusodinos.blogspot.pt/2015/04/o-brontosaurus-esta-de-volta.html

Publicação científica:
Tschopp, E., Mateus, O. and Benson, R.B., 2015. A specimen-level phylogenetic analysis and taxonomic revision of Diplodocidae (Dinosauria, Sauropoda). PeerJ3, p.e857.

John McIntosh (1923-2015)

A Paleontologia de dinossauros perdeu um dos seus dóceis gigantes: John "Jack" McIntosh (1923-2015). A notícia é-nos dada por Dan Chure:

John McIntosh e Diplodocus no Denver Museum of Natural History 2004  (foto: O. Mateus 2004)
Daniel Chure
PASSING OF JACK McINTOSH. It is with deep regret that I report that John S. McIntosh passed away this morning. He was 92 years old at the time of his death. Funeral arrangements have not been announced, He was well known, respected, and loved by many and over the years he helped innumerable paleontologists around the world.
Better known as "Jack", he was a theoretical physicist at Weslyan University (CT) and also for many, many decades the authority on sauropod dinosaurs. As Jack often told the tale, this was the result of, as a senior at Yale University and torn between dinosaur paleontology and physics, he went to Richard S. Lull, the then Yale dinosaur expert. Lull told him there was no future in dinosaur paleontology so he went into physics!

 Sempre alegre e sorridente, foi uma inspiração para todos nós ao dar-nos o exemplo de como ser um excelente cientista e uma pessoa generosa.
Educado em Yale, professor na Weslyan University,  Jack era uma sumidade e um apaixonados em saurópodes sendo um dos autores de um dos livros mais influentes no estudo dos dinossauros: "The Dinosauria". Os seus estudos tiveram implicações em Portugal ao considerar o Apatosaurus alenquerensis como dentro do género Camarasaurus, embora tenha sido considerado Lourinhasaurus alenquerensis mais tarde. Ele financiou os nossos estudos sobre o Europasaurus.
Várias espécies foram-lhe dedicadas,  entre as quais Brontomerus mcintoshi.

Ralph Molnar e John McIntosh a rir em primeiro plano. Octávio Mateus e Robert Bakker em segundo plano (SVP Denver em 2004).


Leia a entrevista cheia de histórias aqui, deste homem que lutou na Segunda Guerra mundial, e que era físico de profissão porque lhe disseram que a paleontologia não tinha futuro (e como estavam errados!).

Selecção das publicações mais relevantes:
  • Berman, D.S. and McIntosh, J.S., 1978. Skull and relationships of the Upper Jurassic sauropod Apatosaurus (Reptilia, Saurischia).
  • Carpenter, K. and McIntosh, J.S., 1994. Upper Jurassic sauropod babies from the Morrison Formation. Dinosaur eggs and babies,265, p.278.
  • McIntosh, J.S., 1990. Sauropoda. The Dinosauria1, pp.345-401.
  • McIntosh, J.S., 2005. The genus Barosaurus Marsh (Sauropoda, Diplodocidae). Thunder Lizards: the Sauropodomorph Dinosaurs. Indiana University Press, Bloomington, Indiana, pp.38-77.
  • Dodson, P., Behrensmeyer, A.K., Bakker, R.T. and McIntosh, J.S., 1980. Taphonomy and paleoecology of the dinosaur beds of the Jurassic Morrison Formation. Paleobiology, pp.208-232.
  • McIntosh, J.S. and Berman, D.S., 1975. Description of the palate and lower jaw of the sauropod dinosaur Diplodocus (Reptilia: Saurischia) with remarks on the nature of the skull of Apatosaurus. Journal of Paleontology, pp.187-199.


Nils Knotschke, John McIntosh e Octávio Mateus (Denver, 2004) ao lado do poster sobre o Europasaurus.

quinta-feira, dezembro 10, 2015

Conferência de Natal da Ciência Viva "Na Peugada dos dinossauros"

Em 1825, o famoso físico inglês Michael Faraday abre a tradição das conferências de natal "Christmas Lectures" quando era director da Royal Institution. Eram abertas e destinadas a públicos de todas as idades numa altura em que a ciência era muito mais hermética e restrita que hoje. Desde então, estas conferências anuais têm sido o palco de importantes cientistas em que nomes como Richard Dawkins, Sir David Attenborough e Carl Sagan são alguns dos mais sonantes. 
Em Portugal, a Ciência Viva, têm organizado as Conferências de Natal inspiradas nas Christmas Lectures em parceria com instituições científicas de referência, nacionais e estrangeiras. E este ano há dentes e garras num tema jurássico na Conferência de Natal . Venha "Na Peugada dos Dinossauros” no Teatro Dona Maria II, dia 21 de Dezembro de 2015, pelas 19:00.
Entrada gratuita mas é necessária inscrição: http://www.cienciaviva.pt/conferenciadenatal/2015/

Teatro Dona Maria II, em Lisboa (fonte: wikipedia)



terça-feira, dezembro 08, 2015

Darwin, Owen, Huxley, os dinossauros e as mãos das estátuas

Charles Darwin (1809 – 1882) lidou muito com fósseis mas pouco ou nada com dinossauros. Contudo, alguns dos seus colegas trabalharam com este grupo de animais. 
Entre eles, destaca-se Richard Owen (1804 –1892), praticamente arquinimigo de Darwin, mas teve um papel brilhante para a História Natural na criação do Museu de História Natural de Londres. Richard Owen era um brilhante anatomista e também é o autor da palavra dinossauro na versão Dinosauria (latinizado do grego) e dinosaur (inglês), que derivam da conjugação das palavras gregas deinos=terrível + saurus=lagarto. Apesar da etimologia grega, o vocábulo dinossauro entra no Português através da versão inglesa dinosaur, e por isso, na prática, 99% do mundo lusófono usa dinossauro em vez de dinossáurio. Owen conhecia os ossos como ninguém e descreveu numerosos fósseis de dinossauros, entre os quais o estegossauro Dacentrurus armatus que mais tarde foi descrito para Portugal.
Outro contemporâneo de Darwin foi Thomas Huxley (1825 – 1895) que foi dos primeiros a sugerir que as aves descendem de dinossauros, ao analisar os esqueletos de Compsognathus e Archaeopteryx. Ele era um grande divulgador de Ciência, fervoroso defensor da Teoria da Evolução, e criou a palavra "agnóstico". O seu estilo combativo valeu-lhe a alcunha de O Bulldog de Darwin.

As estátuas destes três cientistas estão no Museu de História Natural de Londres e mostram um pormenor interessante e curioso: as suas mãos. Owen, que era excelente anatomista e osteologista, segura um fémur de Moa, numa estátua esteve no topo da escadaria central até à poucos anos, mas foi substituída pela de Darwin e remetida para uma galeria lateral; Darwin era recatado, as suas mãos seguram-se mutuamente; Huxley, combativo, cerra o punho como se estivesse preparado para a luta.


Estátuas de três eminentes cientistas: Richard Owen, Charles Darwin e Thomas Huxley, presentes no Museu de História Natural de Londres. Darwin não estudou dinossauros mas Owen inventou a palavra dinossauro e descrever o Dacentrurus armatus, enquanto Huxley foi dos primeiros a sugerir que as aves descendiam de dinossauros. 

Darwin sempre mostrou interesse por fósseis mas não estudou dinossauros.

terça-feira, dezembro 01, 2015

Dinossauros na identidade local

   Os dinossauros e os fósseis também podem fazer parte da identidade local. Os fósseis são património paleontológico muitas vezes enquadrado dentro do científico, natural e geológico. Também cultural, mas apenas quando são descobertos e divulgados ao público. 
   Os dinossauros nunca conviveram com humanos mas os seus fósseis podem entrar na cultura, folclore e serem parte da identidade local. Isso é bem demonstrado no interessante blog Folklore de los Fósiles Ibéricos, por Heraclio Astudillo-Pombo. 
Em 2003 quando a Lourinhã lança o slogan Lourinhã-Capital do Dinossauros, muitas empresas aderiram ao adoptar um nome ou logotipo paleontológico: Dinokart, DinoPão, DinoRações, Escola de Condução Dinossauro. O logotipo do município integra um Lourinhanosaurus, e as rotundas e calçadas têm motivos de dinossauros.
  Sobretudo, os habitantes do município vêem agora os dinossauros como parte integrante da sua identidade e cultura local.



Vasco Ribeiro, de paleontólogo a candidato a astronauta

Vasco Ribeiro começou cedo na paleontologia de dinossauros. Com tenra idade descobriu um esqueleto de crocodilomorfo, na periferia da vila da Lourinhã, onde vivia. Juntou-se ao GEAL - Museu da Lourinhã e o seu talento para descobrir fósseis depressa se apurou e revelou. Entre outros achados, destaca-se um estegossauro em Vale Pombas, uma cauda de saurópode em Porto das Barcas, um ceratossauro no Valmitão, e pegadas em Porto das Barcas.
Fez investigação científica em ovos de dinossauro, escavou o ninho de Paimogo, estudou a geologia da Formação da Lourinhã, e foi bolseiro de investigação no Projecto Dinoeggs.
Mas a vida dá muitas volta e a sua formação de Engenharia Geológica pela Faculdade de Ciências e Tecnologia da UNL deu-lhe a garantia de emprego a fazer sondagens geológicas, prospecção geotécnica, acompanhamento de obras, sobretudo na construção de túneis. A fazer precisamente isso, está agora a viver em São Paulo.
Vasco Ribeiro em fato de treino de vôos espaciais.
O espírito engenhoca e inventivo que traz de família com o gosto pela engenharia e pela ciência fizeram-no gostar de mecânica, astronomia e simulador de vôos. Por desenhar modelos de simulador de voo foi convidado para o Projecto Possum, que trabalha em conjunto com a NASA, a desenvolver um simulador para treinar a realização de procedimentos de registos das nuvens.
O Engenheiro Geólogo Vasco Ribeiro, de 44 anos, candidata-se agora a ser o primeiro astronauta português, com as suas raízes são bem mais terrenas, na paleontologia. Felicitamos e desejamos a melhores das sorte e talentos ao Vasco.

O Jornal Público, entre outros, dedicou-lhe recentemente uma notícia "Engenheiro português concorre a vaga de astronauta de programa parceiro da NASA".


Bibliografia paleontológica publicada:

Mateus, I., Mateus, H., Antunes, M. T., Mateus, O., Taquet, P., Ribeiro, V., & Manuppella, G. (1997). Couvée, oeufs et embryons d'un dinosaure théropode du Jurassique supérieur de Lourinhã (Portugal). Comptes Rendus de l'Académie des Sciences-Series IIA-Earth and Planetary Science325(1), 71-78.

Mateus, I., Mateus, H., Antunes, M. T., Mateus, O. , Taquet, P., Ribeiro, V., & Manuppella, G. (1998). Upper Jurassic theropod dinosaur embryos from Lourinhã (Portugal). Upper Jurassic paleoenvironments in Portugal, Mem. Acad. Ciências de Lisboa37.

Antunes, M. T., Taquet, P., & Ribeiro, V. (1998). Upper Jurassic dinosaur and crocodile eggs from Paimogo nesting site (Lourinha-Portugal). Mem. Acad. Ciênc. Lisb37, 83-100.
Femke Holwerda e Vasco Ribeiro junto ao seu poster científico no congresso.

Ribeiro, V., & Mateus, O. (2012, September). Chronology of the Late Jurassic dinosaur faunas, and other reptilian faunas, from Portugal. Journal of Vertebrate Paleontology32, pp. 161.

Mateus, O., Taquet, P., Antunes, M. T., Mateus, H., & Ribeiro, V. (1998). Theropod dinosaur nest from Lourinhã, Portugal. Journal of Vertebrate Paleontology18.

Ribeiro, V., Mateus, O., Holwerda, F., Araújo, R., & Castanhinha, R. (2014). Two new theropod egg sites from the Late Jurassic Lourinhã Formation, Portugal. Historical Biology.

Perfil no Google Scholar.