segunda-feira, fevereiro 23, 2015

Isótopos de oxigénio e os mosassauros de Angola


Os isótopos estáveis de oxigénio são excelentes indicadores de paleotemperaturas e por isso são usados como um paleotermómetro. Num novo estudo liderado por Chris Strganac usou precisamente estes isótopos para compreender o paleoambiente em que viveram os mosassauros.

Valores de isótopos estáveis de oxigénio em conchas de bivalves marinhos inoceramídeos recuperados em Bentiaba, Angola, são utilizados como um forma de indicar para paleotemperaturas durante o desenvolvimento da margem africana do Oceano Atlântico Sul durante o Cretácico. Os valores de δ18O derivados de inoceramídeos mostram um aumento a longo prazo a partir de -3,2 ‰ no Turoniano Superior para valores entre -0,8 e -1,8 ‰ no Campaniano Superior. Assumindo um valor δ18O oceânico constante, um aumento ‰ ~ 2 pode refletir uma redução da temperatura do ambiente marinho de baixa profundidade em Bentiaba de aproximadamente 10°C. Em Bentiaba os valores são compensados por cerca de + 1 ‰ a partir de registros publicados para Inoceramus em Walvis Ridge. Esta diferença em valores de δ18O sugere uma diferença de temperatura de ~ 5 ° entre as águas costeiras e mais profundas do offshore de Angola. Temperaturas mais baixas implícitas pela curva de δ18O em Bentiaba coincidem com a distribuição estratigráfica de diversos amniotas marinhos, incluindo mosassauros.

Geologia e geoquímica (curva de isótopos de oxigénio) no Atlântico sul (Strganac et al, 2015).
Referência:
Strganac, C., Jacobs L. L., Polcyn M. J., Ferguson K. M., Mateus O., Gonçalves O. A., Morais M. - L., & da Silva Tavares T.(2015).  Stable oxygen isotope chemostratigraphy and paleotemperature regime of mosasaurs at Bentiaba, Angola.Netherlands Journal of Geosciences. FirstView, 1–7., 2

Abstract
Stable oxygen isotope values of inoceramid marine bivalve shells recovered from Bentiaba, Angola, are utilised as a proxy for paleotemperatures during the Late Cretaceous development of the African margin of the South Atlantic Ocean. The δ18O values derived from inoceramids show a long-term increase from –3.2‰ in the Late Turonian to values between –0.8 and –1.8‰ in the Late Campanian. Assuming a constant oceanic δ18O value, an ∼2‰ increase may reflect cooling of the shallow marine environment at Bentiaba by approximately 10°. Bentiaba values are offset by about +1‰ from published records for bathyal Inoceramus at Walvis Ridge. This offset in δ18O values suggests a temperature difference of ∼5° between coastal and deeper water offshore Angola. Cooler temperatures implied by the δ18O curve at Bentiaba coincide with the stratigraphic distribution of diverse marine amniotes, including mosasaurs, at Bentiaba.

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