"A Evolução e a Paleontologia: o Caso dos Dinossauros e Outros Vertebrados" é o tema da minha palestra amanhã (23 de Maio de 2009), no Museu da Ciência em Coimbra, e também depoletou a seguinte entrevista para a Ciência Hoje, que aqui incluo na íntegra:
Revelação sobre a evolução dos «lagartos terríveis»Paleontólogo Octávio Mateus no Museu da Ciência da UC:: 2009-04-20Na quinta-feira, às 15h, o cientista português vai estar no Museu da Ciência da Universidade de Coimbra (UC) para revelar algumas das suas descobertas sobre a evolução dos dinossauros e explicar por que se considera um "grande fã" de Darwin. |
A conferência "A Evolução e a Paleontologia: o Caso dos Dinossauros e Outros Vertebrados" é a segunda do ciclo de conferências «Darwin e a Evoluçã»", que até ao fim do ano vai trazer a Coimbra alguns dos mais reputados cientistas evolutivos da actualidade em Portugal. O evento está integrado nas comemorações do bicentenário do nascimento de Charles Darwin e dos 150 anos da publicação da sua obra mais famosa, «A Origem das Espécies». A entrada é gratuita.
"Como paleontólogo, sou obviamente um grande adepto e fã de Darwin. Os dinossauros são um óptimo testemunho da evolução. Por exemplo, tenho descoberto novas espécies de dinossauros que permitem compreender, um pouco mais além, a evolução destes animais", avança o paleontólogo Octávio Mateus.
Portugal tem, de resto, um papel de grande importância a desempenhar no conhecimento da evolução das espécies, defende o investigador da Universidade Nova de Lisboa. "Portugal tem um registo fóssil riquíssimo, um dos melhores do mundo", garante.
Até porque, para o investigador, a Paleontologia (a ciência que estuda os fósseis) é, das várias disciplinas científicas, uma das que melhor ilustra a teoria de Charles Darwin. "A vida actual, ou seja, não-extinta, estudada pelos 'neo-biológos' é uma minúscula fracção da perspectiva da evolução da vida. A Paleontologia tem oferecido exemplos de inúmeros estádios intermédios da evolução dos animais e plantas que são dos mais evidentes testemunhos da evolução darwiniana", sublinha.
Perguntas sem resposta
No Museu da Ciência da UC, Octávio Mateus vai mostrar como este ramo tem confirmado as ideias de Darwin. Em análise vão estar sete exemplos da evolução: a origem das aves a partir de dinossauros terópodes e ainda a origem dos peixes assimétricos, dos cetáceos, dos mamíferos, dos cavalos, dos tetrápodes (animais que apoiam os quatro membros no solo) e do próprio Homem.
Ainda que para a maioria dos cientistas a existência da evolução darwiniana seja indiscutível, certo é que são muitas as perguntas que permanecem ainda sem resposta, reconhece Octávio Mateus.
O paleontólogo elenca algumas delas: "Qual é a unidade sobre a qual a evolução actua: o gene, o organismo, a espécie ou o grupo? Como e porquê os humanos evoluíram um cérebro tão desenvolvido? Qual o papel da selecção sexual na evolução? Como apareceu a Vida? A evolução ocorre essencialmente por saltos (equilíbrio pontuado) ou de forma gradual? Qual é o ancestral de cada grupo de animais e plantas? Qual o papel dos vírus na evolução dos animais e humanos? Qual o papel da transferência de ADN entre grupos distintos? Como é a árvore da Vida?"
Primeiro dinossauro em Angola
Licenciado em Biologia pela Universidade de Évora e doutorado em Paleontologia pela Universidade Nova de Lisboa, Octávio Mateus é investigador no Museu da Lourinhã, instituição que possui uma importante colecção de dinossauros.
Especialista no estudo destes animais, tem publicado vários artigos científicos em Portugal e no estrangeiro, incluindo na prestigiada revista Nature. O seu interesse por dinossauros já o levou a países tão longínquos como os Estados Unidos e a Mongólia. Foi, de resto, o responsável pela descoberta do primeiro dinossauro em Angola.
Depois da conferência com Octávio Mateus, o colóquio «Darwin e a Evolução» prossegue a 14 de Maio com a bióloga do desenvolvimento Patrícia Beldade, do Instituto Gulbenkian de Ciência, que explicará o que é a «Evo-devo», uma nova disciplina científica que pode revelar-se fulcral para a compreensão da evolução.
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