Existem alguns centros de investigação à volta do mundo que são determinantes e extremamente influentes. Muitos deles estão nos Estados Unidos, se bem que também em Inglaterra e Alemanha se produz muita e boa informação científica. Nas economias emergentes, ao ritmo de crescimento económico, também existe um forte potencial de desenvolvimento científico. Nomeadamente a China, o Brasil e a África do Sul (um de cada continente) têm dado provas de qualidade com os seus investigadores publicando nas melhores revistas. Escolhi 10 universidades ou instituições que me parece que tenham desenvolvido trabalho influente nos anos recentes para as próximas décadas. Corro o risco, contudo, de omitir grandes instituições que também elas têm contribuído para o progresso da paleontologia de vertebrados.
University of Bristol (http://palaeo.gly.bris.ac.uk/). O seu departamento encabeçado por Mike Benton tem desenvolvido trabalho nas mais diversas áreas da paleontologia de vertebrados desde morfologia funcional e biomecânica, até grandes questões como eventos de extinção em massa e diversidade. Também têm um grupo que lidera a construção das chamadas 'supertrees', que estabelecem as relações de 'parentesco' entre grupos de animais requerendo vastos recursos informáticos dada a quantidade de informação processada.
The Natural History Museum (http://www.nhm.ac.uk/). As suas magníficas e lendárias instalações fazem jus à qualidade da ciência que lá se produz. São fomentores da revista Paleontologica Electronica que disponibiliza artigos científicos grátis na internet (http://palaeo-electronica.org/). Têm um projecto colossal de inventariação de todos os Tetrápodes fósseis usando tecnologia SIG (sistemas de informação geográfica).
Ohio State University (http://www.oucom.ohiou.edu/dbms-witmer/lab.htm). Em particular o Witmer's Lab tem desenvolvido um trabalho muito amplo de aplicações e de importância extrema, nomeadamente: a morfologia e anatomia dos cérebros dos arcossauros (que incluem crocodilos, dinossauros e pterossauros). Isto tem requerido tecnologia de ponta como tomografias de alta resolução. Isto permite ver nos fósseis coisas como as estruturas timpânicas, que tem sido o principal motivo de estudo deste grupo. Também têm promovido expedições a África principalmente em Madagáscar.
University of Chicago (http://geosci.uchicago.edu/research/paleo_evo.shtml). Para além do lendário David Jablonski que deu contributos fundamentais para a compreensão da macroevolução fazendo uso da paleontologia; no mesmo departamento Paul Sereno percorre o Níger, Marrocos e outros países para recolher dinossauros. Mas também é promovida investigação em tetrápodes primitivos tentando-se concomitantemente compreender a aquisição de caracteres morfológicos no decurso da evolução.
University of Alberta (http://www.biology.ualberta.ca/wilson.hp/UALVP.html). O trabalho de investigação desta instituição tem sido potenciada pelas inúmeras descobertas de vertebrados fósseis que se têm feito na região. Phil Currie é um dos nomes sonantes que já passou pelo Laboratory of Vertebrate Paleontology, que tem trabalhado principalmente com dinossauros terópodes (carnívoros bípedes). Michael Caldwell também tem desenvolvido um trabalho fundamental na compreensão da origem de certos grupos dos Squamata (tudo o que seja lagartos e serpentes), nomeadamente no surgimento e evolução das serpentes e dos mosassauros (répteis marinhos que existirão durante o período Cretácico). Os seus recursos são impressionantes com vários aparelhos de tomografia de alta resolução e microscópios electrónicos de ponta.
American Museum of Natural History (http://paleo.amnh.org/). O AMNH, como é geralmente comnhecido, é uma instituição com uma longa e vasta influência nos meandros da paleontologia de vertebrados, tendo sido a casa de um dos mais míticos caçadores de dinossauros Barnum Brown. O seu legado é hoje carregado aos ombros de também eles grandes paleontólogos como Mark Norrell, John Flynn e Michael Novaceck. Eles têm desenvolvido expedições em Madagáscar e Mongólia, por exemplo.
University of California, Berkeley (http://www.ucmp.berkeley.edu/people/padian/home.php). É aqui que Kevin Padian e o seu laboratório tem desvendado os segredos sobre a origem dos dinossauros, incidindo sobretudo numa época que se pensa ter sido fulcral: a fronteira entre o Triásico e o Jurássico. Mas Padian e os seus estudantes também estão preocupados com grandes problemas da evolução, como a origem do voo nas aves. Só sobre este tópico muita tinta tem corrido nas principais revistas científicas nos últimos tempos e o conhecimento produzido nesta área marcará, sem dúvida, as próximas gerações de paleontólogos.
Institute of Vertebrate Paleontology and Paleoanthropology (http://www.ivpp.ac.cn/cn/). Esta instituição científica deve, ao todo, ter mais paleontológos do que os que existem em toda a Ibéria multiplicada duas vezes. Só entre 1999 e 2005 foram publicados cerca de 45 artigos na Nature e Science, que são duas revistas científicas de elevadíssimo grau de exigência. A quantidade de material fossilífero de relevo produzido na China é proporcional à dimensão do estatuto do IVPP.
Montana State University e Museum of the Rockies (http://www.museumoftherockies.org/). No estado de Montana têm sido feitas inúmeras descobertas principalmente no Jurássico superior (e.g. Formação de Hell Creek) e Cretácico superior (e.g. Formação de Cloverly). E nestas formações geológicas não só veveram dinossauros mas também – à sua sombra – pequenos mamíferos, lagartos, anfíbios, etc.. Jack Horner, o mais preeminente paleontólogo daquele estado, dedica-se essencialmente à evolução e ecologia dos dinossauros. Mas os seus estudantes dedicam-se também a aspectos mais vastos como microvertebrados e histologia.
Universität Bonn (http://www.sauropod-dinosaurs.uni-bonn.de/). Este grupo de investigação interdisciplinar tem o propósito pouco ambicioso de: "saber tudo sobre saurópodes". Neste grupo se inclui por exemplo Martin Sander, especialista em histologia (estudo dos tecidos, que na paleontologia se resumem geralmente aos ossos).
Museu da Lourinhã (http://www.museulourinha.org/). É óbvio que ainda estamos longe de ter a excelência dos centros de investigação acima citados, mas, à nossa escala temos tido um impacto extremamente positivo no mundo da paleontologia… O nosso lugar feito por avaliadores independentes não estaria com certeza nos dez lugares mais cimeiros. Por enquanto não temos aparelhos de tomografia sofisticados nem laboratórios com equipas de dez preparadores, mas temos, isso sim, a ambição de um dia lá poder chegar!
Publicado também no Boletim do Museu da Lourinhã nº 13.
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