domingo, outubro 19, 2008

Um pouco da história da publicação Sauvage (1897-1898)


Paul Choffat, geólogo de profissão, suiço de origem e recrutado então pela Direcção de Trabalhos Geológicos de Portugal tinha por missão cartografar o Mesozóico português. No decorrer do seu trabalho de campo, Choffat encontrou ínumeros vestígios de vertebrados, desde peixes a ictiossauros, desde o Cabo Espichel a São Pedro do Sul. Aconteceu que, Choffat não estava minimamente preocupado esses achados, pois as suas atenções incidiam principalmente na cartografia e... o intresse bioestratigráfico dos vertebrados era então considerado limitado, pelo que datações relativas dificilmente se poderiam obter com base nesses vestígios. Foi assim que Choffat decidiu entregar os espécimes recolhidos ao preeminente paleontólogo francês da altura: Henri-Emile Sauvage. Este assim descreveu nas edições da Direcção dos Trabalhos Geológicos o material recolhido até então, e, esta publicação é ainda hoje - sem dúvida - um marco histórico na paleontologia de vertebrados de Portugal.
Para uma melhor contextualização da época dois pontos de vista têm de ser tidos em linha de conta, por um lado o furor ao virar do século XX que existia na Europa sobre a paleontologia no geral, e, por outro, a libertação de fundos pela maioria dos governos europeus para a investigação/cartografia dos recursos geológicos nacionais. O primeiro ponto tem que ver com o desabrochar da paleontologia enquanto ciência e, por motivos que ainda hoje estão para descobrir, o fascínio pelos fósseis que desde sempre moveram as pessoas. O segundo ponto é igualmente crucial, pois aliado ao facto de se perceber melhor o potencial dos recursos geológicos do país, vinham os fósseis; que, sem a mobilização dos recursos monetários suficientes nunca permitiriam que a publicação de Sauvage e de tantas outras na Europa fosse possível.


Este post foi inspirado numa conversa e conhecimentos de Carlos Natário, de modo que partilho a autoria com ele.

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