sexta-feira, setembro 05, 2008

Crivagens no Museu da Lourinhã


Crivar é garimpar mas, neste caso, à procura de fósseis. Não seria exagero considerar a Lourinhã e localidades contíguas como o El Dourado dos fósseis, não só de
dinossauros mas também de tudo o resto que se mexia no
Jurássico superior.
Para se ter uma percepção mais realista do elenco faunístico da época há que não só procurar o que é grande, mas também o que é pequeno. Assim, este ano e pela primeira vez na história do GEAL - Museu da Lourinhã, procedeu-se a uma campanha de crivagens com os objectivos de aumentar o espólio do museu em micro-vertebrados e efectuar posteriormente o seu estudo.
As crivagens de sedimento colhido no Zimbral revelaram dentes de crocodilos, peixes, e dinossauros bem como mandíbulas de crocodilos, anfíbios e lagartos. Para mim é incrivelmente arrebatador o simples facto de saber que estou diante de um pequeno sapo de há 150 milhões de anos … de conseguir ver uma pequena mandíbula com pouco mais de meio milímetro e de saber que aquele sapo também coaxou como o fazem actualmente os do Rio Grande! É este, também, um pouco, o encanto da paleontologia: o reportar para o passado, de forma bizarra e com intervenientes bizarros - numa espécie de sonho – o que se passa actualmente… como o coaxar dos sapos.
Já noutras ocasiões se haviam feito crivagens mas não com este propósito. Durante as escavações do ninho de ovos de Paimogo (de 1994 a 1996) montou-se um laboratório de campo fazendo uso do charco que por lá existe e da boa vontade de vários voluntários, entre os quais Isabel Mateus e José Filipe. Na altura procuravam-se embriões que foram entretanto considerados de dinossauros carnívoros bípedes – os terópodes. Hoje, passada já mais de uma década sobre a escavação de Paimogo, procura-se com o mesmo entusiasmo descobrir como era o nosso mundo há uns quantos milhões de anos atrás.

Publicado também no Boletim nº 7 do Museu da Lourinhã.

3 comentários:

Carlos Marques disse...

Sim senhores, depois de várias horas a mexer em água,lama, e depois de vários "Compal time´s", vejo que as crivagens tiveram o objectivo pretendido! Muitos microfósseis! Resultado: A campanha de voluntáriado na Lourinhã não podia ser melhor!
p.s.: gostei da foto da mesa das crivagens!

Ricardo Araújo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Ricardo Araújo disse...

Camarada Carlos,

A campanha de crivagens foi realmente um sucesso, agora é trabalhar nos resultados que dela obtivémos: metade do trabalho está feito!

Abraço para a Madeira,
Ricardo