sábado, maio 24, 2008

Jurassic Foundation dá prémio a dois portugueses





Reposição integral da notícia por FILOMENA NAVES em Diário de Notícias (http://dn.sapo.pt/2008/05/24/ciencia/jurassic_foundation_premio_a_dois_po.html)

Projecto visa estudar ovos de dinossauros
Rui Castanhinha veio da biologia. Ricardo Araújo acabou há pouco engenharia geológica. Mas é à paleontologia - "ciência a meio caminho entre as duas", diz o primeiro - que se dedicam. Agora estão a estudar ninhos de ovos de dinossauros descobertos na região da Lourinhã e foi exactamente com esse projecto (Dinosaur Eggs and Embryos of the Lourinhã Formation, Upper Jurassic, Portugal) que ganharam um prémio da Jurassic Foundation - uma fundação criada com os lucros dos filmes Jurassic Park de Spielberg para apoiar pesquisas de paleontologia em todo o mundo.


A par da satisfação do reconhecimento internacional, os 2100 dólares (cerca de 1900 euros) do prémio "são um estímulo para avançarmos com a investigação", explicou ao DN Rui Castanhinha.


O arranque do trabalho de campo que ainda há a fazer está agendado para a próxima semana. "Vamos escavar mais ovos e recolher mais fragmentos de cascas, porque sabemos que eles estão lá", adianta o mesmo jovem investigador que, aos 25 anos (Ricardo Araújo é ainda mais novo, tem apenas 22), não é nenhum principiante nestas lides.


Tanto Rui Castanhinha como Ricardo Araújo já desenvolvem há pelo menos três anos trabalho de investigação em paleontologia, em regime de voluntariado, no Museu da Lourinhã, sob a orientação do paleontólogo Octávio Mateus, da Universidade Nova.


O projecto apoiado pela Jurassic Foundation não é de agora. "Já o tínhamos submetido à FCT [Fundação para a Ciência e Tecnologia, o principal organismo financiador da investigação em Portugal], em 2006, mas foi chumbado", conta Rui Castanhinha, sublinhando a satisfação de o prémio ser "um reconhecimento internacional da importância deste estudo".


Com 150 milhões de anos, "estes são os ovos de carnívoros mais antigos do mundo, não os estudar seria pecado mortal", diz o investigador.


O material que os dois vão analisar (sob a orientação de Octávio Mateus), além do que conseguirem escavar durante os próximos meses, inclui cinco ninhos de ovos de dinossauro encontrados em 1998 em Paimogo, cinco quilómetros a norte da Lourinhã, e um outro descoberto em 2007, em Porto das Barcas (na mesma região) que ainda não está sequer descrito. E há muita informação - sobre as espécies em causa, a sua reprodução, desenvolvimento embrionário, etc. - que o estudo pode arrancar aos fósseis.


Encontrar ninhos de ovos de dinossauros, muitos deles intactos, com os pequenos embriões lá dentro e ossinhos minúsculos todos muito bem definidos, não é exactamente comum. Na região da Lourinhã, porém, há vários sítios onde existem estes fósseis e ao logo de toda costa, naquela zona, podem encontrar-se com alguma facilidade fragmentos de ovos daquela época remota e daqueles animais extintos há 65 milhões de anos. Fazer esta investigação poderá ajudar a esclarecer também porque razão aquela zona tem esta riqueza.


Um dos ninhos de Paimogo, que já está estudado e que pode ser visto na exposição do Museu da Lourinhã, já contou a sua história: uma cheia matou a ninhada. Mas, com os outros, o que aconteceu? Dentro de um ano, Rui Castanhinha e Ricardo Araújo poderão ter uma resposta.

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