sexta-feira, dezembro 26, 2014

Geologia de Bentiaba, Angola

A geologia e a riqueza faunística de Bentiaba em Angola sempre nos causou admiração. Um estudo do Projecto PaleoAngola, agora publicado, explica a geologia e paleoecologia da acumulação de ossos (bonebed) marinha do Cretácico Superior na camada 19 de Bentiaba.
O estudo fez parte da dissertação de doutoramento de Chris Strganac sendo publicado agora no Netherlands Journal of Geosciences.
Bentiaba com riqueza de achados

Resumo:
Esqueleto de Prognathodon com conteúdos estomacais.
A acumulação de ossos (bonebed) na camada 19 em Bentiaba, Angola, é uma concentração única de vertebrados marinhos preservando seis espécies de mosassauros em sedimentos correlacionadas por magneto-estratigrafia ao Chron C32n.1n entre 71,4 e 71,64 Ma. A bonebed formada numa paleolatitude perto de 24 ° S e com uma largura do Atlântico àquela latitude de 2700 km, que é cerca de metade da largura da actual. A localidade encontra-se numa plataforma continental estranhamente estreita perto das falhas transformantes que controlavam o contorno do litoral da África na formação do Oceano Atlântico Sul. Mudanças biostratigráficas através da seção de Bentiaba indicam que a acumulação ocorreu numa faixa de tempo de 240.000 de anos dentro da chron 32n.1n. A fauna ocorre numa unidade de 10 m areia na Formação Mocuio com ossos e esqueletos incompletos concentrados aos 1-2 m mais basais, mas não limitados a estes. O sedimento que cobre os fósseis é uma areia feldspática imatura demonstrado por zircões detríticos derivados das rochas graníticas. As amostras não parecem ter uma forte orientação preferencial e não é concentrada numa linha de costa. Análise de isótopos estáveis de oxigénio de conchas de bivalves associados indica uma temperatura de água de 18,5 ° C. A bonebed é claramente misturada com elementos de dinossauros e pterossauros dispersos num cortejo de fauna marinha. A associação de conteúdos estomacais e marcas de dentes de tubarão na Camada 19 indicam associação biológica devido às atividades de alimentação. A diversidade ecológica de espécies de mosassauros é mostrada pela disparidade de dente e tamanho do corpo e pela análise d13C do esmalte dos dentes, o que indica uma variedade de áreas de alimentação e nichos alimentares. A fauna da camada 19 viveu em latitudes áridas ao longo de um deserto costeiro semelhante ao da Namíbia moderna, numa plataforma continental estreita e tectonicamente controlada, em águas rasas abaixo base de ondas. A área foi usada como uma área de alimentação para diversas espécies, incluindo Globidens phosphaticus, pequenas espécies costeiras, abundante Prognathodon kianda, que alimentava de outros mosassauros na camada 19, e espécies que podem ter sido alimentadores oportunistas na área.


Geological setting and paleoecology of the Upper Cretaceous Bench 19 Marine Vertebrate Bonebed at Bentiaba, Angola

Abstract:
The Bench 19 Bonebed at Bentiaba, Angola, is a unique concentration of marine vertebrates preserving six species of mosasaurs in sediments best correlated by magnetostratigraphy to chron C32n.1n between 71.4 and 71.64 Ma. The bonebed formed at a paleolatitude near 24°S, with an Atlantic width at that latitude approximating 2700 km, roughly half that of the current width. The locality lies on an uncharacteristically narrow continental shelf near transform faults that controlled the coastal outline of Africa in the formation of the South Atlantic Ocean. Biostratigraphic change through the Bentiaba section indicates that the accumulation occurred in an ecological time dimension within the 240 ky bin delimited by chron 32n.1n. The fauna occurs in a 10 m sand unit in the Mocuio Formation with bones and partial skeletons concentrated in, but not limited to, the basal 1–2 m. The sediment entombing the fossils is an immature feldspathic sand shown by detrital zircon ages to be derived from nearby granitic shield rocks. Specimens do not appear to have a strong preferred orientation and they are not concentrated in a strand line. Stable oxygen isotope analysis of associated bivalve shells indicates a water temperature of 18.5°C. The bonebed is clearly mixed with scattered dinosaur and pterosaur elements in a marine assemblage. Gut contents, scavenging marks and associated shed shark teeth in the Bench 19 Fauna indicate biological association and attrition due to feeding activities. The ecological diversity of mosasaur species is shown by tooth and body-size disparity and by d13C analysis of tooth enamel, which indicate a variety of foraging areas and dietary niches. The Bench 19 Fauna was formed in arid latitudes along a coastal desert similar to that of modern Namibia on a narrow, tectonically controlled continental shelf, in shallow waters below wave base. The area was used as a foraging ground for diverse species, including molluscivorus Globidens phosphaticus, small species expected near the coast, abundant Prognathodon kianda, which fed on other mosasaurs at Bench 19, and species that may have been transient and opportunistic feeders in the area.


Referência:
Strganac, C., Jacobs L., Polcyn M., Mateus O., Myers T., Araújo R., Fergunson K. M., Gonçalves A. O., Morais M. L., Schulp A. S., da Tavares T. S., & Salminen J. (2014). Geological Setting and Paleoecology of the Upper Cretaceous Bench 19 Marine Vertebrate Bonebed at Bentiaba, Angola. Netherlands Journal of Geosciences. 1-16.
PDF

sábado, dezembro 20, 2014

Ooops natalício

O blog Lusodinos deseja Boas Festas e feliz 2015 a todos os seus leitores!

sábado, dezembro 06, 2014

Paleobotânica em Portugal


Ao estudo das plantas fósseis dá-se o nome de Paleobotânica. E o facto talvez desconhecido para muitosé que além de vertebrados e invertebrados, Portugal é extremamente rico em plantas fósseis. Para isso muito têm contribuído os trabalhos de João Pais, Mário Miguel Mendes, Else Marie Friis, Kaj Raunsgaard Pedersen, Peter R. Crane, Carlos Teixeira e muitos outros.

Destacam-se as plantas do Cretácico Inferior da Bacia Lusitânica, que incluem algumas das mais antigas evidências de angiospérmicas e uma espectacular diversidade de formas e táxones.

Feto (Pterodófita) fóssil do Paleozóico de Portugal (ML)
Alguns géneros e espécies na paleobotânica de Portugal
Esta é uma lista, longe de ser ou tentar ser exaustiva, de alguns táxones de plantas fósseis em Portugal: Acrostichopteris, Alethopteris, Alisporites, Annonxylon teixeirae, Araucarites, Asterophyllites, 
Baiera viannaeBicatia costata, Bicatia juncalensi, Biretisporites, Brachyphyllum lusitanicum
Calamites suckowii, Cicatricosisporites, Converrucosisporites, Cordaites, Cupressinocladus micromerum, Cyclopteris, Czekanowskia, 
Densoisporites, Desmiophyllum, Dicksonites, 
Erdtmanispermum juncalenseErdtmanitheca portucalensis, Elatides falcifolia, Equisetites, Equisetum, Frenelopsis, Ginkgo, Gleicheniidites, Ischyosporites teixeirae 
Kraeuselisporites, 
Marchantites archantiaeformis, Mariopteris, Myrica, Monetianthus mirus, 
Neuropteris, Nilsonia, Otozamites, 
Pagiophyllum lusitanicum, Pecopteris, Picea, Pinus fluvimajoricus, Podozamites, Pseudocycas, Pterophyllum, 
Quercus, Raunsgaardispermum lusitanicum
Salix, Schizoneura, Sequoia, Sparganium, Sphenophyllum, Sphenolepis sternbergiana, Sphenolepis choffati, Sphenopteris, Spheripollenites, 
Taeniopteris, Teixeiraea, Toddalia, Todites falciformis
Verrucosisporites, Vitis, Zamites




Referências de alguns artigos científicos:
Friis, E. M., Pedersen, K. R., & Crane, P. R. (2000). Reproductive structure and organization of basal angiosperms from the Early Cretaceous (Barremian or Aptian) of western Portugal. International Journal of Plant Sciences161(S6), S169-S182.
Friis, E. M., Pedersen, K. R., & Crane, P. R. (2004). Araceae from the Early Cretaceous of Portugal: evidence on the emergence of monocotyledons.Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America101(47), 16565-16570.
Rydin, C., Pedersen, K. R., Crane, P. R., & Friis, E. M. (2006). Former diversity of Ephedra (Gnetales): evidence from Early Cretaceous seeds from Portugal and North America. Annals of Botany98(1), 123-140.
Heimhofer, U., Hochuli, P. A., Burla, S., & Weissert, H. (2007). New records of Early Cretaceous angiosperm pollen from Portuguese coastal deposits: Implications for the timing of the early angiosperm radiation. Review of Palaeobotany and Palynology144(1), 39-76.
Mendes, M. M., Friis, E. M., & Pais, J. (2008). < i> Erdtmanispermum juncalense
sp. nov., a new species of the extinct order Erdtmanithecales from the Early Cretaceous (probably Berriasian) of Portugal. Review of Palaeobotany and Palynology149(1), 50-56.Pais, J. (2009). Évolution de la végétation et du climat pendant le Miocène au Portugal. Ciências da Terra8.

quarta-feira, dezembro 03, 2014

Anatomia, Antropologia e Evolução Humana

"Anatomia, Antropologia e Evolução Humana" é o tema da palestra por Prof. Rui Diogo no dia 17 de Dezembro de 2014 na FCT- Universidade Nova de Lisboa enquadrado no Ciclo de Palestras "Geológicas às Quartas" do Departamento. de Ciências da Terra e com o apoio da FLAD, Fundação Luso Americana para o Desenvolvimento.
Apareça!


Data: 17 de Dezembro de 2014, Quarta-feira, pelas 14:30
Local: Biblioteca da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa, (GPS: 38,66267, -9,20553)

Link da palestra para site DCT

Rui Boliqueime Martins Diogo é Professor na Universidade de Howard, e diretor e patrono do Rui Diogo Lab. Rui Diogo é um excelente anatomista pelo que recebeu muitos prémios, entre eles recebeu este ano o Award for Best Anatomical Paper.
Tem numerosos artigos e livros publicados, sobretudo sobre anatomia, desde peixes a primatas. A anatomia que estuda tem implicações para a compreensão da nossa origem como primatas.

Livro:
  • Morphological Evolution, Aptations, Homoplasies, Constraints and Evolutionary Trends: Catfishes as a case study on general phylogeny and macroevolution (p. 491). Enfield, New Hampshire: Science Publishers. 2005.
  • Comparative Anatomy and Phylogeny of Primate Muscles and Human Evolution
  • Muscles of Vertebrates
Exemplos de artigos:
Diogo, R., Abdala, V., Lonergan, N., & Wood, B. A. (2008). From fish to modern humans–comparative anatomy, homologies and evolution of the head and neck musculature. Journal of anatomy, 213(4), 391-424.

Diogo, R. (2007). The origin of higher clades: osteology, myology, phylogeny and evolution of bony fishes and the rise of tetrapods. Science Pub Incorporated.


.