terça-feira, setembro 22, 2020

Os ovos dos últimos dinossauros de Europa

Uma equipa internacional de paleontólogos portugueses e espanhóis escavou perto dos Pirineus espanhóis uma jazida com 68 milhões de anos que preserva uma grande área de nidificação de dinossauros .


Até agora, os paleontólogos identificaram mais de vinte ovos à superfície mas indica que pode ser mais de uma centena. Os ovos, esféricos e com cerca de 20 centímetros de diâmetro, apresentam um excepcional estado de conservação, e estão agrupados, sugerindo a existência de vários ninhos. Uma análise preliminar indica que eles pertencem aos dinossauros saurópodes titanossauros, herbívoros quadrúpedes com caudas e pescoços longos, que podem chegar a 30 metros de comprimento.


O local foi localizado no início do ano por José Manuel Gasca, paleontólogo espanhol e adepto de corrida todo o terreno  (trail running), durante uma sessão de treino. O Doutor Gasca colabora habitualmente com a equipa da Universidade Nova de Lisboa, onde trabalham dois dos maiores especialistas em ovos de dinossauros da Europa, Octávio Mateus e o Miguel Moreno Azanza. Após uma primeira avaliação no final de janeiro, o sítio foi notificado à Direção-Geral do Património Cultural, que autorizou a presente ação. José Manuel Gasca e Miguel Moreno Azanza, da Universidade Nova de Lisboa e colaborador do Museu de Lourinhã, conduziram as escavações que vão decorrer nos meses de setembro e outubro. Curiosamente, o paleontólogo Moreno-Azanza que desde há 2015 está a trabalhar em Portugal, nasceu apenas 20 quilómetros desta nova jazida. Ele declarou que "depois de viajar o mundo inteiro estudando ovos de dinossauros em cinco continentes, descobri que um dos depósitos mais importantes era nas montanhas, onde brinquei com meus dinossauros de plástico quando criança".


Octávio Mateus, líder da equipa de investigação de vertebrados da Universidade Nova de Lisboa, e pesquisador de ovos de dinossauro há mais de trinta anos, insistiu na importância da descoberta, que comparou com os mundialmente famosos ovos de dinossauro de Portugal, bem mais antigos, com mais do dobro da idade. Como curiosidade passou mais tempo entre a postura dos ovos de Portugal e de Espanha, do que dos ovos espanhóis até hoje. Mateus recalcou que os novos ovos ajudaram a completar os estudos sobre a reprodução dos dinossauros que decorre na Universidade Nova de Lisboa, já que em Portugal, apesar de se conhecerem muitos tipos de ovos, nunca  nunca foram descobertos ovos de titanossauros, o que vem a preencher um vazio  do conhecimento. 


A escavação está a ser efetuada por uma equipa composta por investigadores da Universidade Nova de Lisboa e do Museu de Lourinhã, Portugal, e do Grupo Aragosaurus da Universidade de Saragoça. Está enquadrado no contexto de um projeto de investigação sobre a reprodução de dinossauros financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia de Portugal, dirigido por Miguel Moreno Azanza e Octávio Mateus.









Lope Ezquerro e Eduardo Puértolas, da FCT-NOVA trabalham na extração de um dos ninhos.


Um ovo de dinossauro na rocha.


Ester Diaz e Raquel Moyá, da Universidade de Saragoça


Um dos primeiros ovos de titanossauro coletados na jazida.

Miguel Moreno Azanza e José Manuel Gasca, diretores da escavação, a estudar um dos ovos de dinossauro.


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