segunda-feira, março 28, 2016

200 anos sobre a vida de Charles Bonnet (1816-1867), fundador da Comissão Geológica

Mapa geográfico do Alentejo e Algarve
por Charles Jonnet 1850
Faz hoje exactamente 200 anos sobre o nascimento de um dos fundadores da geologia Portuguesa, Charles Bonnet (1816-1867).
Charles Jean Baptiste Bonnet (n. Vesoul , França, a 28 de Março de 1816, - m. Loulé, a 8 de Abril de 1867) era filho do sapateiro François Bonnet e de Jeanne Françoise Zominy, doméstica, ambos de origem humilde. Fez os seus estudos em engenharia civil na especialidade de geologia e mineralogia em França. Emigrou para Portugal entre 1844 e 1846.  Membro da Academia das Ciências de Lisboa desde 1849.

Foi casado com Octávia Henriqueta Isaura Pernot, e teve um filho, Carlos Octávio Bonnet,
Frontspício de Bonnet, C. 1950. Algarve (Portugal). Description géographique et géologique de cette Province
Viveu na rua de S. Francisco, n. 40-12, em Lisboa, e, depois em Loulé.  Em 1846, Bonnet estava a estudar uma mina de cobre no Algarve. Nessa altura deparou-se com a necessidade de corrigir e melhorar a cartografia geológica da região.  Em 1847, fez a sua segunda viagem ao Algarve, desta vez para percorrer toda a região, procedendo a numerosas observações de carácter topográfico, geográfico e geológico. A partir de 1849 Bonnet dirige a Comissão Geológica do reino, criada no ano anterior, em 1848, por parecer da Academia das Ciências. Essa comissão foi criada para dar “princípio à exploração geológica e mineralógica do Reino” (segundo a Acta da Câmara dos Deputados, de 16 de Abril de 1849), precursora da Comissão organizada na Direcção-Geral dos Trabalhos Geodésicos em 1857. Recebeu o grau de Cavaleiro da Ordem de Cristo em 8 de Novembro de 1847. Charles Bonnet fez recolhas de espécimens e dados orográficos, corográficos, botânicos, e geológicos. Recolheu fósseis e amostras de minerais no Algarve. Ofereceu uma colecção de 140 rochas e minerais ao Museu de História Natural da Academia Real das Ciências de Lisboa.
Relativamente à paleontologia, Bonnet teve um papel secundário, sendo o principal trabalho a cartografia geológica e geográfica. Contudo, refere a existência de amonites e belemnites na Serra de Alfeição, Nexe, perto de Loulé, e conchas miocénicas em Lagos, Vila Nova de Portimão, Ferragudo, Mexilhoeirinha e Albufeira. Cita mesmo a existência de fósseis “Cardium edule” e Mytilus em Albufeira e entre Lagos e Porto de Moz (Bonnet, 1850: p. 142).
Residência de Charles Bonnet, em Loulé.

Jaz em Loulé. Não se conheçem imagens de Charles Bonnet.


Publicou:
Mappa Geographico da Provincia do Alentejo e do Reino do Algarve(ca. 1:800 000, 1851) disponível em http://purl.pt/1968
Bonnet, C. 1850. Mémoire sur le Royaume de l’Algarve (Province du Portugal), contenent la description des montagnes, des sources, des cours d’eau, des villes, etc., du climat, de la végétation, des animaux, de l’industrie, du commerce, etc., ainsi qu’une esquisse historique de cette contrée. Memórias da Academia das Ciências de Lisboa, 2ª série, tomo II.
Bonnet, C. 1950. Algarve (Portugal). Description géographique et géologique de cette Province. Acad. Roy. Scienc. Lisbonne, 186 p.






Fontes e Biografias:
Dias, M.H., Charles Bonnet (1816-1867). Em http://cvc.instituto-camoes.pt/ciencia/p67.html
Mesquita, J.C.V., 1985. Charles Bonnet, a reedição de uma obra e a urgência dum Jardim Botânico em Loulé. Al-Gharbe-Estudos Regionais, 2, pp.33-61.

Não confundir com o homónimo naturalista e filósofo suíço Charles Bonnet (1720-1793).

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